Como parte da programação da 9ª edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), foi inaugurada nesta quinta-feira (28/4) a Biblioteca Paulo Freire. O novo equipamento, que passa a funcionar no bairro Presidente Kennedy, é uma realização em parceria, ainda, da Jornada com a Pastoral do Migrante de Fortaleza e a ADUFC-Sindicato. A JURA, que segue com atividades até julho, nasceu visando aproximar a universidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e teve início neste mês em alusão ao Abril Vermelho.
A criação da Biblioteca Paulo Freire envolveu um movimento de pessoas em torno da vida, obras e da pedagogia de Paulo Freire em relação com a realidade dos Migrantes. “É uma ideia que nasceu no mutirão de três entidades. Juntas, a ADUFC a JURA e Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese de Fortaleza têm um compromisso com um projeto de defesa da vida e da reforma agrária”, explicou a irmã Idalina Pellegrini, da coordenação da Pastoral do Migrante. A religiosa reforça a ligação do homenageado com a luta dos migrantes. “Paulo Freire fez a experiência de ser ele próprio exilado, nos ensinando a pedagogia da autonomia e a libertação da dependência”, disse.
Para a irmã Idalina, a parceria entre as três entidades fortalece o trabalho realizado com migrantes e refugiados. “Precisamos dar visibilidade à realidade de tantas pessoas sem terra e sem pátria, que são forçadas a sair, fugir de sua realidade por um sistema que exclui”, enfatizou. Na opinião da religiosa, articulações dessa natureza, como a que possibilitou a criação da biblioteca, contribui para “animar a esperança” e buscar saídas para as pessoas excluídas. “O migrante quer ser sujeito de sua história”, emendou.
A Profª. Adelaide Gonçalves, do curso de História da UFC e uma das organizadoras da JURA no Ceará, também destacou o momento histórico vivido no país como “desafiador” e que exige “uma leitura crítica da realidade, trocas de saberes e experiências, além de fortalecimento das identidades e da resistência”. Para a historiadora, a biblioteca é uma “fonte onde podemos beber na história e nas culturas e nos fortalecer na utopia, nos sonhos e na esperança de um mundo sem fronteiras onde todas as pessoas vivam com dignidade humana”. A docente também integra o Grupo de Trabalho (GT) História do Movimento Docente e Formação Política Sindical, da ADUFC.
Também presente à inauguração, a vice-presidente da ADUFC, Irenísia Oliveira, ressaltou a importância do novo equipamento. “Abrir uma biblioteca é hoje um ato de resistência e de esperança”, defendeu a docente, que integra o Departamento de Literatura da UFC. “Contra o culto à estupidez e à violência, queremos afirmar a capacidade humana de aprender e partilhar, de desenvolver empatia e solidariedade”, disse Irenísia.
A Biblioteca Paulo Freire vai funcionar na Rua Tenente Marques, 131 – bairro Presidente Kennedy. Segundo as entidades realizadoras, qualquer ajudou será bem-vinda, como a do Prof. Francisco Amara Alencar, do Departamento de Geografia da UFC, que colaborou com a compra de estantes e também esteve presente na inauguração.
(*) Informações sobre como contribuir com doações para Biblioteca Paulo Freire: pastoraldosmigrantes.ce@gmail.com