Em Assembleia Geral com cerca de 1.200 participantes na noite da última terça-feira (29), estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) cobraram o retorno do Restaurante Universitário (RU) com condições dignas e encaminharam uma jornada de lutas com mobilização imediata e ato no dia 31 de março. A assembleia ocorreu na Quadra do CEU, no Centro de Humanidades 2 da UFC, dias após denúncias de comidas estragadas e intoxicação alimentar de estudantes. O episódio levou ao fechamento temporário do RU, no último dia 24, quando a empresa Nutrê Alimentação Ltda desistiu de oferecer os serviços.
A UFC afirmou que seria distribuído o auxílio-alimentação apenas a alunos em situação de vulnerabilidade. Em resposta à inoperância da gestão superior, integrantes do movimento estudantil distribuíram, na última segunda-feira (28), no RU do Campus do Benfica, 500 marmitas para estudantes que ficaram sem comida. A ação é uma iniciativa coletiva com apoio da ADUFC-Sindicato, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Entre os encaminhamentos da Assembleia Geral, estão um manifesto assinado pelas entidades de representação estudantil pelo retorno do RU, a criação de um fórum de estudantes com deficiência e a constituição de um grupo de trabalho para executar a jornada de lutas, que terá início imediatamente com a mobilização nos cursos. Além do ato na quinta-feira (31), às 16h, na Praça da Gentilândia, ocorrerão plenárias, no dia 4 de abril, por campus e, no dia 9/4, adesão ao ato geral Fora Bolsonaro. Também estão entre as reivindicações dos estudantes o retorno presencial seguro e concurso para intérprete de Libras.
Sem resposta às demandas estudantis, que incluem a ampliação das políticas de assistência, o interventor Cândido Albuquerque optou por atacar tanto o movimento estudantil como sindical, inclusive citando nominalmente a ADUFC, com graves acusações. Em notas publicadas no site da UFC nos dias 17 e 28 de março, ele criminaliza a atuação sindical e ameaça perseguir os representantes discentes envolvidos nos atos legítimos em defesa dos direitos estudantis. Nos textos, o interventor quer impor a narrativa de que são “pequenos grupos” os responsáveis pela resistência à sua administração.
Ao atacar a comunidade universitária, a gestão superior da UFC insuflou as categorias e ampliou a mobilização estudantil, como foi comprovado na terça-feira (29), com a ampla adesão à Assembleia Geral mesmo em um dia de intensas chuvas e difícil deslocamento em Fortaleza. “A gente veio mostrar que ‘pequenos grupos’ são os que escolheram esse interventor na universidade”, diz a estudante de Pedagogia Stefany Tavares, da direção da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ela se refere à última consulta para reitor, em 2019, que reuniu mais de 12 mil votos, dos quais Cândido só recebeu 4,6%, sendo nomeado reitor por intervenção do governo Bolsonaro.
MOBILIZAÇÃO NA UFC COMEÇA IMEDIATAMENTE
A estudante ressalta que a mobilização já está em andamento desde já e não cessará até que as demandas estudantis sejam alcançadas. “A gente quer respostas da Reitoria (…). Essa universidade vai ter manifestação todos os dias para que a gente consiga uma explicação do que ocorreu com o RU, sobre os contratos, as licitações. Foi contratada uma empresa que prestou um serviço péssimo a um preço muito alto”, apontou Stefany Tavares.
Estudantes já haviam realizado outra manifestação em 17 de março, da qual a ADUFC participou, quando foram constatadas longas filas para acesso ao Restaurante Universitário e, já no primeiro dia do retorno às aulas presenciais, falta de comida para os estudantes. A comunidade universitária foi recebida naquele dia com os portões trancados da Reitoria.
SERVIÇO:
Ato unificado dos estudantes
Quando: 31 de março, às 16h
Onde: Praça da Gentilândia