Professoras e professores da ADUFC aprovaram, em Assembleia Geral nesta segunda-feira (14/3), a realização de ato na Reitoria da UFC, no próximo dia 17/3, cobrando definições sobre o comprovante de vacinação e o retorno presencial, com participação de docentes, estudantes, servidores técnico-administrativos e terceirizados. A mobilização questiona a postura da administração superior, que publicou portaria no dia 7/3 instituindo o passaporte vacinal, mas transferiu a execução dessa tarefa para os/as docentes. No entanto, a Universidade agora nega, extraoficialmente, a obrigação da vacinação para assistir às aulas. A AG ainda encaminhou a participação da ADUFC em agendas nacionais da campanha salarial unificada dos servidores públicos e no Congresso do ANDES-SN.
Sobre o retorno presencial, também foram aprovadas medidas como verificar a possibilidade de um plantão jurídico tira-dúvidas; levantar panorama da retomada nas unidades acadêmicas e universidades (aulas, higienização, infraestrutura); reforçar a cobrança institucional para um retorno seguro, com mobilização e participação presencial no primeiro mês, pressão jurídica em procedimentos do Ministério Público Federal (MPF) e apoio aos estudantes nas questões de assistência estudantil; matéria analisando as atas do Comitê de Enfrentamento à Covid da UFC; e nota pública. Nesta terça-feira (15), às 19h, será realizada, na sede da ADUFC em Fortaleza, plenária de organização do ato do dia 17.
No Guia Tô de Volta, divulgado pela UFC juntamente com a portaria do retorno presencial, está previsto que o aluno não vacinado preencherá uma autodeclaração a ser enviada ao e-mail dos professores das disciplinas nas quais esteja matriculado, sendo colocado em regime especial. Fica evidente que a função de aplicar o passaporte vacinal é transferida para o docente quando deveria ser da coordenação do curso ou da Pró-Reitoria de Graduação. A ADUFC defende que a comprovação de vacinação (de três doses, e não apenas duas, conforme prevê o documento da Reitoria) fosse solicitada já no ato de matrícula.
“Tivemos a chance de ter o passaporte na matrícula, como ocorreu em outras universidades, mas o interventor preferiu fazer do jeito dele, transferindo para o professor cobrar na porta da sala de aula”, destacou o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, reforçando que essa iniciativa da gestão superior sobre o comprovante vacinal só foi divulgada após intensa pressão da comunidade universitária, como a manifestação da assessoria jurídica do sindicato junto ao Ministério Público Federal (MPF).
Na AG, professores compartilharam as incertezas sobre a volta à sala de aula, com poucas informações às vésperas da retomada, na quarta-feira (16); e a angústia de assumir essa função de fiscalizar a vacinação de estudantes quando essa tarefa deveria ser da própria administração superior em um período anterior. “Tenho alunos que não se vacinaram porque não quiseram se vacinar. Nós vamos voltar com essa tarefa, já fazendo cobranças aos nossos alunos depois de dois anos?”, questionou a Profª. Maria José Albuquerque, do Departamento de Teoria e Prática do Ensino (Faced/UFC).
Docentes também aguardam esclarecimentos da Reitoria detalhando o que representa, na prática, esse regime especial dos alunos não vacinados. Diretor de Patrimônio da ADUFC e docente do Departamento de Saúde Comunitária da UFC, o Prof. Roberto da Justa criticou a conduta negacionista do Comitê de Enfrentamento à Covid da universidade. “Foi um encaminhamento ardiloso de colocar a fiscalização na responsabilidade do professor. Não temos a situação nem perto da ideal”, destacou o docente, que também é infectologista.
Campanha salarial: categoria segue mobilizada
Outro ponto de pauta foi a mobilização nacional pela campanha salarial dos servidores públicos federais. A Assembleia Geral da ADUFC aprovou a ida de uma comitiva do sindicato – com até quatro docentes, entre diretores e filiados – para a agenda nacional em Brasília, incluindo o grande ato do Comando Nacional de Mobilização e Construção da Greve, que ocorre na quarta-feira, 16 de março.
Também foi encaminhada a participação da ADUFC como convidada no 40º Congresso do ANDES-SN, que será sediado em Porto Alegre (RS), de 27 de março a 1º de abril. O sindicato enviará delegação de até 10 professores, incluindo representação da Diretoria e da base.
Professores da ADUFC aprovaram, ainda, uma moção de solidariedade e apoio à participação de servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Cariri (UFCA) no processo eleitoral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Estado do Ceará (Sintufce). Conforme informou Wagner Pires da Silva, da Direção do Sintufce, a Comissão Eleitoral está embargando a participação da UFCA nas eleições do sindicato. Isso porque a universidade foi criada posteriormente à última atualização do Estatuto do Sintufce, apesar de compor o sindicato desde que foi fundada.