Em Assembleia Geral da ADUFC-Sindicato nesta quarta-feira (8/12), docentes aprovaram, por unanimidade, que a volta às salas de aula só ocorra com a exigência e fiscalização do passaporte vacinal e a garantia de outras medidas que assegurem um retorno presencial seguro. Os posicionamentos serão apresentados em manifesto público, que detalhará as medidas propostas. Também será elaborado documento, a ser enviado à Reitoria das universidades, compilando os desafios e reivindicações dos/as professores/as com base nas respostas das chefias de unidades acadêmicas à consulta feita pela ADUFC.
As propostas aprovadas na AG resultam de debate a partir de relatos dos docentes sobre suas vivências nos departamentos e centros. A Assembleia Geral encaminhou, ainda, a realização de campanha de comunicação que traduza as solicitações dos docentes e a organização de um seminário para debater os desafios do ensino, além de um levantamento sobre as especificidades das unidades acadêmicas. Estão entre as reivindicações a serem incluídas nos documentos a antecipação do debate sobre a (falta de) infraestrutura adequada; a padronização e a garantia de máscaras PFF2; os riscos de alimentação em sala de aula; e as situação das aulas práticas, avaliando possível divisão de turmas.
Outros fatores que merecem atenção, segundo aprovado na AG, são a proposta de testagem massiva ou exigência de um teste semanal a quem não tem o passaporte vacinal; a situação das pessoas com comorbidades; alternativas curriculares para o retorno presencial; protocolos para os casos de contaminação; e as particularidades do ensino de Libras. A garantia de internet nas diversas unidades e de protocolo que defina a conduta a ser tomada, em caso de registro de contaminação de integrante da comunidade acadêmica que tenha participado de atividades presenciais.
Iniciando o debate, o Prof. Roberto da Justa, infectologista e diretor de Patrimônio da ADUFC, apresentou um resumo do atual cenário epidemiológico da Covid-19 no Ceará, inclusive com atualizações na nova variante Ômicron. De acordo com ele, apesar do pouco conhecimento que se tem sobre as novas mutações do vírus, já há indício de que a variante é mais transmissível, menos letal e que a maioria das pessoas que evoluíram para quadros mais graves não estava vacinada. Ele também apresentou os índices de vacinação, com o recorte de idade, em algumas cidades que sediam os campi da UFC, UFCA e UNILAB.
O docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) fez um levantamento dos planos de retomada de seis universidades federais. Acrescentou que a maioria está desatualizada por não incluir o passaporte vacinal como requisito para o retorno às aulas presenciais, mas citou o exemplo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que já incluiu essa exigência. Segundo ele, até outubro de 2021, de 46 universidades federais, 21 possuíam plano de retorno/contingência aprovado por seus conselhos superiores, 20 estavam em elaboração e cinco não tinham esse planejamento.
Docentes da UFC relataram a preocupação com a postura da Reitoria da universidade – por se alinhar ideologicamente a um governo federal que nega a ciência – em relação ao cumprimento dos protocolos sanitários adequados, como a cobrança do esquema vacinal completo aos estudantes que frequentem as aulas presenciais. “A gente sabe que as decisões da UFC nem sempre representam a opinião da comunidade universitária”, ressaltou o presidente da ADUFC-Sindicato, Prof. Bruno Rocha, lembrando que a autonomia universitária tem sido atropelada na UFC.
A Profª. Helena Martins, secretária-geral da UFC e docente do Instituto de Cultura e Arte (ICA/UFC), apresentou um resumo das respostas que chegaram de docentes em retorno ao ofício enviado pela ADUFC, no último dia 30/11, solicitando informações sobre as condições de cada unidade acadêmica para o retorno presencial. A ADUFC também recebeu da Reitoria da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) os detalhes do Plano de Biossegurança Institucional elaborado pela instituição.
Já o Prof. Rundesth Nobre, do Departamento de Letras Libras e Estudos Surdos (DELLES/UFC), lembrou das condições particulares da comunidade surda e do ensino de Libras, que dificultam o uso da máscara em sala de aula, já que o aprendizado da língua é muito ligado à expressão facial e ao contato próximo. O Prof. Uribam Xavier, do Departamento de Ciências Sociais da UFC, defendeu que a categoria docente proponha um debate franco com a sociedade sobre o tema, expondo as reivindicações, para dialogar com um contexto em que a maior parte dos serviços já retomaram presencialmente, incluindo as escolas públicas e privadas.
ADUFC atualiza docentes sobre lutas recentes e outras atividades sindicais
No início da AG, professores também deram informes sobre outras lutas docentes. O Prof. Bruno Rocha atualizou os colegas sobre a mobilização nacional em Brasília contra a PEC 32 e contra a PEC dos Precatórios. Ele é um dos docentes que têm representado a ADUFC na jornada de lutas da capital federal, que já perdura por 12 semanas ininterruptas. O docente citou fala do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, de que nenhuma reforma do governo federal deve mais ser colocada em votação neste ano.
O diretor de Atividades Científicas e Culturais da ADUFC, Prof. Tiago Coutinho, divulgou as atividades culturais com apoio da ADUFC que ocorrerão no próximo fim de semana, com a exibição do filme Marighella, lançamento de livro e debate sobre educação, cultura e arte. Ele informou, ainda, os últimos encaminhamentos do GT Comunicação e Cultura, que debateu ações para a consolidação de uma política cultural do sindicato e citou a notificação extrajudicial da ADUFC à empresa que reformou a sede da ADUFC no Cariri, alvo de questionamentos de auditoria externa, em gestão anterior a 2019.