Dezenas de atividades, todas abertas ao público, já estão programadas para a Semana do Professor e da Professora da ADUFC, que terá início na próxima segunda-feira (11/10) e segue até o dia 15. Este ano, com o tema “Paulo Freire Hoje”, a programação será realizada de forma totalmente remota (online), com oficinas (inscreva-se ), mesas de debates, shows, peças de teatro e lançamentos de livros. Um tempo de reafirmar os ensinamentos de Paulo Freire, ampliando seus horizontes possíveis.
A realização da “Semana Paulo Freire Hoje” é uma iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) de Comunicação e Cultura e da Diretoria da ADUFC, que transmitirá todas as atividades em seu canal no YouTube. Ao longo dos próximos dias, a intensa agenda programada para o evento, feita de forma colaborativa, também será aprofundada nas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) e no próprio site do sindicato. “Não só os debates, mas todas as atrações culturais foram pensadas dialogando com o pensamento do educador, no ano que celebra seu centenário”, destaca o Prof. Tiago Coutinho, diretor de Atividades Científicas e Culturais da ADUFC e um dos organizadores da Semana.
A noite de abertura do evento, programada para as 18h30 do dia 11 de outubro, já destaca um dos pontos altos da semana – o lançamento do livro “Cenários da Libertação: Paulo Freire na prisão, no exílio e na universidade”. A obra também será o presente aos/às docentes, que o receberão em casa. O livro foi escrito por Clodomir Santos de Morais e reeditado recentemente pela Editora Expressão Popular, com apoio da ADUFC. Os pernambucanos Clodomir de Morais e Paulo Freire eram amigos de longa data, estiveram encarcerados juntos durante o período da ditadura civil e militar no Brasil e lutavam por causas semelhantes.
O dia 11 também será dedicado à Profª. Izaíra Silvino. Maestrina e compositora, ela foi a responsável pela reativação do Coral da ADUFC, em 2014, onde atuou como regente até 2017, com a apresentação de importantes espetáculos. Docente aposentada da Faculdade de Educação da UFC, Izaíra partiu no último dia 14/8, vítima de complicações de um câncer contra o qual lutava nos últimos meses, às vésperas de completar 76 anos. O Coral da UFC apresentará duas músicas, em celebração a ela e a Paulo Freire e, após o lançamento do livro, com o mesmo mote, será apresentado o show “De sons a saberes: Paulo Freire e Izaíra Silvino”. O espetáculo é uma homenagem do Grupo 30 Cordas, composto por cinco violonistas que viajam através das fronteiras das músicas popular e erudita.
Celebrando a docência, enfrentando a atual conjuntura
Trazer Paulo Freire como ponto central da Semana do Professor e da Professora, neste ano de 2021, especialmente, mais do que celebrar, significa uma proposta de animar a categoria com a perspectiva de transformação da sociedade. “Nós temos vivenciado uma conjuntura muito difícil, de muitos ataques, de muita brutalidade”, lembra a Profª. Helena Martins, secretária geral da ADUFC e também uma das organizadoras do evento.
Rodas de conversa, mesas de debate, oficinas e espetáculos foram pensados, dentro da programação, com o propósito de enfrentar a atual conjuntura refletindo, atuando, intervindo e também sonhando outros sonhos possíveis. “A nossa semana tem também esse intuito: trazer Paulo Freire, novamente falar de uma educação libertadora, de uma educação dialógica, que seja pautada no encontro entre os mais diferentes saberes e numa perspectiva de transformação da sociedade”, enfatiza Helena Martins, acrescentando que é algo que se mostra ainda tão necessário neste momento em que “as desigualdades sociais batem à porta”.
Universidades em pauta e a luta por uma educação emancipadora
A terça-feira (12) segue com mesa à tarde (“Dialogicidade Freireana e contributo para um novo tempo”) e roda de conversa à noite – desta vez, destacando “Paulo Freire e a universidade que queremos: diversidade de sujeitos e saberes”. A partir das lutas populares, as universidades têm sido transformadas, passando a ser compostas por uma maior diversidade de sujeitos que trazem para estes espaços também suas experiências, saberes e seus questionamentos das lógicas hegemônicas de ensino e ciência. Como potencializar o diálogo? Como fortalecer essa participação e, com ela, a luta por uma educação emancipadora? Quais desafios se colocam neste processo? É o que tentarão trazer à discussão os/as convidados/as.
Uma outra roda de conversa abordará, na tarde da quarta-feira (13), os “Desafios para a curricularização da extensão”, prevista no Plano Nacional de Educação (PNE). No livro “Extensão ou comunicação?”, Paulo Freire lembra que o conhecimento se constrói por meio de um processo de comunicação e intercomunicação, “e nunca através da extensão do pensado de um sujeito até o outro”. O propósito desse debate é refletir sobre como construir uma extensão crítica e dialógica neste contexto.
Destaque, ainda, para a mesa “Docentes em Movimento: nossas batalhas contra o governo Bolsonaro”, que ocorrerá na tarde do dia 14, refletindo sobre como os ataques do atual governo ao serviço público, em especial à educação, tem interferido no cotidiano das professoras e dos professores. “O desmonte do estado brasileiro só não foi maior graças ao trabalho incansável dos sindicatos e movimentos sociais. A ideia é compartilhar as experiências das lutas cotidianas”, avalia o Prof. Bruno Rocha, presidente da ADUFC e um dos participantes da mesa.
Tempos de resistir: das memórias de quarentena à musicalidade do sertão
A noite de quinta-feira (14) será marcada por atividades culturais que simbolizam resistência. Primeiro, com o lançamento do e-book “Memórias da Quarentena”, seguido de homenagem aos/às professores/as vítimas da Covid-19. A obra, coletiva, tenta partilhar a vida em textos, num momento de medos, inseguranças e instabilidades. A iniciativa de três professoras (Alba Carvalho, Ângela Pinheiro e Camila Holanda) foi tomando formas, reunindo relatos de pessoas com inserções, emoções e realidades diversas. Ganhou amplitude. Em 74 textos, e a partir de seus engajamentos políticos, profissionais e afetivos, diferentes atores sociais compartilharam os sentidos de suas vivências e percepções sobre o isolamento social e a pandemia que ainda não acabou.
Na sequência, o show “O Trovador do Tempo” canta da indignação à resistência e beleza dos terreiros do sertão. Com músicas autorais, a banda Sol na Macambira apresenta o Cariri cantado e poetizado a partir do imaginário popular, dos terreiros culturais, das lutas sociais e da mistura sonora que evidencia a contemporaneidade do ancestral. Formado por lutadores sociais, o grupo musical desenvolve ações nas áreas da educação, cultura, tradição, patrimônio, saúde, arte, desenvolvimento social e meio ambiente.
O encerramento da Semana ocorrerá na sexta-feira (15), com a apresentação de um mural a ser construído coletivamente com informações de projetos de ensino, pesquisa e extensão de inspiração freireana desenvolvidos em nossas universidades. No mesmo dia, também ocorrerão Círculos de Cultura, um método criado por Paulo Freire que parte do pressuposto da construção do conhecimento por meio do diálogo – fator básico e necessário à prática pedagógica democrática. A noite será encerrada com a peça teatral “Napoleão”, do Grupo Pavilhão da Magnólia, com texto e direção de Marcelo Romagnoli (SP).
As atividades da Semana do Professor e da Professora da ADUFC não necessitam de inscrição prévia, exceto oficinas/minicursos da manhã de quarta-feira (13), que ocorrerão em quatro salas simultâneas – as inscrições já estão abertas, via formulário a ser preenchido até o dia 10/10. São elas: “Oralidade, diálogos e tecnologia”, com Kamila Fernandes (Oficina 1); “O método Paulo Freire: teoria e prática”, com Dilmar Miranda (Oficina 2); “Letramentos e Decolonialidades: perspectivas introdutórias”, com Alexandre Cadilhe (Oficina 3); e “Círculo de Cultura Freireano em tempos de ensino remoto”, com Camilla Rocha (Oficina 4).
(*) Acesse AQUI toda a programação da Semana Paulo Freire Hoje
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