Reproduzindo a postura de minimizar os riscos da pandemia de Covid-19 e criminalizar seus críticos, o interventor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cândido Albuquerque, envergonhou a comunidade acadêmica em entrevista ao programa multiplataforma Conexão Assembleia, que foi ao ar no último dia 27 de setembro pela FM Assembleia, e repercutida pelo jornal O POVO na mesma data.
Cândido disse que vacina não será cobrada e minimizou os riscos individuais e coletivos da não vacinação, ao dizer que um profissional que não se vacinou já havia sido contaminado. Em sentido semelhante, também falou que teria tido reações fracas da doença – que já matou quase 600 mil pessoas no Brasil.
Ao adiantar que a instituição não deve cobrar comprovante de vacinação aos que queiram retornar às atividades presenciais a partir desta segunda-feira (27/9), soma-se ao coro dos negacionistas, enquanto diversos países avançam em políticas que levem à ampliação da vacinação, tendo em vista tratar-se de uma necessidade para a proteção de todos e todas.
Ainda durante a entrevista ao programa, o interventor afirmou que toda a comunidade universitária foi vacinada e que “quem não foi vacinado é quem não quis vacinar”. Ao contrário de sua afirmação, a vacina ainda não foi disponibilizada para todos. Parte expressiva da comunidade é composta por estudantes jovens, que só há pouco começaram a receber a primeira dose. A fala de Cândido Albuquerque reflete, em alguns trechos, a desconexão com a realidade e a propagação de informações sem embasamento que as respaldem.
“Eu só conheço uma pessoa (que recusou tomar a vacina). Problema é dele! Os alunos estão imunizados, os colegas dele estão imunizados. Então, qual é o problema que ele vai criar dentro da universidade? Se a comunidade está toda imunizada? Nós estamos com a comunidade imunizada. Alunos, professores, servidores, todos imunizados. Aí tem um camarada e diz: ‘Eu não quero!’. E daí? Ele não vai transmitir pra ninguém. Ele não vai criar nenhum problema. E assim é a liberdade” – diz o interventor, em outro momento da entrevista. Acrescentando que são “casos bem pontuais”, de pessoas que tiveram Covid-19 e “que estão com IGG alto, e continuam tomando vitamina D, zinco, aumentando a imunidade”.
Além de fragilizar o debate sobre o tema, e de forma irresponsável, Cândido mais uma vez optou por fazer de conta que a situação da UFC é de normalidade. Disse que todos os protocolos serão adotados – todavia, mais de um ano e meio após o início da pandemia, até hoje a comunidade não foi informada sobre um plano de adequação da infraestrutura da UFC (com destaque para salas e banheiros) e que garanta todo o necessário para biossegurança.
Apesar dos questionamentos que todos sabemos que atravessam os mais diversos espaços da universidade, o interventor que teve menos de 5% rotulou sua oposição de “extrema esquerda” e, criminalizando instituições do regime democrático, atrelou-a a partidos políticos. A ADUFC repudia suas falas e destaca que todas as posições críticas que tem apresentado, ao lado de outros setores da universidade, são debatidas e aprovadas em espaços coletivos como assembleias. Postura muito diferente tem sido adotada pela reitoria sob sua direção, que esvaziou os conselhos universitários, seja ao não convocar representantes democraticamente eleitos seja ao não convocar novas eleições para mandatos finalizados.
Seguiremos em luta por vacinação para todas e todos, contra o negacionismo, contra intervenções, em defesa da educação pública, da ciência e da democracia.
Fortaleza, 28 de setembro de 2021
Diretoria da ADUFC-Sindicato
Gestão Resistir e Avançar (Biênio 2021-2023)