Na primeira fala, dizem-nos que não somos capazes, e muitos não dizem nada. Mais dias se passam e eles falam que não somos úteis, e não reagimos à altura. De tanto nos colocarem como inúteis para sociedade, eles entram em nossas salas de aula e nos tomam o pincel, rasgam nossas anotações, nos calam na cátedra e ainda expulsam nossos estudantes de suas cadeiras. Tomam a reitoria em intervenção. O que querem fazer com a Universidade? O que significa o crescimento da Escola sem Partido? O que é o novo aburguesamento da Universidade que alguns desejam? O que significa sua construção não democrática?
Uma síntese dessas posturas foi apresentada pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, que defendeu “uma universidade para poucos”. Não poderia ter deixado o projeto excludente que guia o governo federal mais nítido.
Se pararmos para avaliar os indicadores de inserção ou democratização do acesso ao ensino superior gratuito, podemos perceber: nos últimos 15 anos, o acesso de trabalhadores/as e seus filhos/as ao ensino universitário de qualidade permitiu ascensão social de muitos brasileiros. Isso não só nos grandes centros urbanos, mas especialmente nas cidades interioranas de todo o país.
Para além da democratização de acesso, diversos outros programas, projetos e ações internas e externas às instituições desenvolvidos em conjunto com comunidades, muitas historicamente oprimidas, têm permitido a permanência, a melhor formação profissional e pessoal dos/as estudantes, bem como a qualidade dos servidores/as técnico-administrativos e docentes.
As instituições de ensino superior gratuito têm avançado na construção pedagógico, social e política. É isso que faz com que sejam reconhecidas nacional e internacionalmente e tenham o respeito da sociedade. Hoje, entende-se a importância das universidades nas decisões da sociedade e no planejamento de políticas públicas. Uma universidade popular transforma a universidade e contribui para transformar a sociedade.
Não cabe mais neste momento qualquer postura, por mais simples que seja, que ataque todo o processo democrático das universidades públicas, seja no âmbito acadêmico, social, político, administrativo ou democrático, conquistado a partir de lutas de muitas gerações. Não cabe isso vindo de ninguém, muito menos daquele que ocupa o cargo mais importante no aspecto de educação do país, no caso o Ministro da Educação.
Há de se reagir firmemente a qualquer tentativa de retrocesso no ensino superior. A comunidade universitária de todo o país está atenta e pronta a respostas de alto nível para transmitir sua importância à sociedade.
Fora, Bolsonaro!
Fora, interventor!
Assembleia dos Professores e das Professoras das Universidades Federais do Ceará
13 de agosto de 2021