O Grupo de Trabalho (GT) de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente e a Diretoria da ADUFC-Sindicato repudiam veementemente mais um ato de desprezo e cinismo do atual governo federal com a ciência e a pesquisa desenvolvidas no país. Em decreto publicado nesta quarta-feira (28/7), Jair Bolsonaro concedeu à sua esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, a Medalha do Mérito Oswaldo Cruz na categoria ouro. A condecoração é um reconhecimento pela “atuação destacada” no campo das atividades científicas, educacionais, culturais e administrativas pelos resultados benéficos à saúde de brasileiros.
A desfaçatez do presidente da República não parou por aí, uma vez que ele estendeu a honraria aos ministros Milton Ribeiro (Educação), Fabio Faria (Comunicações), Gilson Machado (Turismo), Carlos Alberto França (Relações Exteriores), João Roma (Cidadania), Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Tarcisio Freitas (Infraestrutura), Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Walter Braga Netto (Defesa).
O decreto presidencial é um completo desrespeito com cientistas, pesquisadores e profissionais que verdadeiramente têm atuado na linha de frente da pandemia de Covid-19, enfrentando o negacionismo e o descaso do Palácio do Planalto com a vida. A homenagem de Jair Bolsonaro não só carece de fundamento como afronta a memória dos mais de 550 mil brasileiros e brasileiras que perderam a vida para a Covid-19, mortos em um cenário de descompromisso integral do Governo Federal com seu povo. O governo Bolsonaro não apenas ignorou dezenas de e-mails com ofertas de vacinas como atrasou a compra dos imunizantes, que poderiam ter chegado ao país ainda no ano passado, evitando milhares de mortes.
A condecoração de Bolsonaro aos seus assistentes não poderia ser mais desconectada da realidade. Em meio à pandemia, o Ministério da Saúde sofreu corte de R$ 2 bilhões no Orçamento de 2021, impactando ações de enfrentamento à Covid e comprometendo projetos de assistência hospitalar e ambulatorial, além de programas de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. Na pasta da Educação, o corte foi de R$ 4 bilhões. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) também teve seu orçamento encolhido, com bloqueio de R$ 272 milhões e veto de R$ 371 milhões.
Com o orçamento encurtado e os sucessivos ataques do Governo Federal à C&T, pesquisas têm sido interrompidas, comprometendo trabalhos desenvolvidos há anos. Vale destacar que essa política não é “míope” e sim um projeto planejado de destruição da ciência e tecnologia. As consequências cruéis desta gestão federal perdurarão nas décadas seguintes, em especial na educação pública. Cortes orçamentários que ameaçam o tripé ensino, pesquisa e extensão nas universidades; intervenções nas instituições federais de ensino superior; interrupção de projetos; e o aparelhamento do Ministério da Educação e de outros órgãos são o legado nefasto de Jair Bolsonaro e sua equipe para a educação pública brasileira.
Fortaleza, 29 de julho de 2021
GT de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
Diretoria da ADUFC-Sindicato
Gestão Resistir e Avançar (Biênio 2021-2023)