Com o tema “Docência, Engenharia, Urbanismo e Raça: histórias que se entrelaçam”, o Grupo de Trabalho (GT) de Políticas de Classe e Étnico-Raciais da ADUFC-Sindicato apresentou, na última quinta-feira (15/7), a segunda edição do Quilombo da Ciência. Os convidados desta edição foram o Prof. Henrique Cunha Júnior, do Departamento de Engenharia Elétrica, e a estudante Mariana Antão, do curso de Economia Ecológica, ambos da Universidade Federal do Ceará. A iniciativa é uma atividade mensal do GT, que é coordenado pela Profª Maria Inês Escobar, docente do curso de Economia Ecológica da UFC e mediadora do programa.
Durante o debate, o Prof. Henrique Cunha fez um breve histórico de sua trajetória acadêmica e apontou que sempre esteve imerso em um contexto familiar de intelectualidade e militância, o que favoreceu sua entrada na universidade. No entanto, salienta que, em um passado não muito distante, havia uma resistência muito grande no Brasil com as pesquisas relacionadas à população negra, inclusive nos setores mais progressistas. “Assim como Milton Santos, sou de uma geração que conseguiu fazer carreira universitária porque saiu do Brasil”, destaca o docente, que cursou mestrado e doutorado na França e pós-doutorado na Alemanha. Antes de ingressar na UFC, foi professor da Universidade de São Paulo (USP), onde se graduou.
Atualmente, Henrique Cunha tem se dedicado aos estudos sobre Urbanismo Africano e ministra um curso sobre o tema na Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Nos últimos anos trabalhei intensamente com essa área, viajei muito e reconstruí seis mil anos de Urbanismo Africano”, diz o docente. Nessas imersões, ele observou a presença de dois elementos marcantes entre as referências do Urbanismo Africano: as ideias tradicionais das famílias africanas e a estruturação dos mercados, espaços com forte presença das mulheres, consideradas gestoras desses locais.
Já Mariana Antão relata que foi na universidade que ela aprofundou o olhar para as pesquisas, lutas, diálogos e ações sobre a população negra, passando também por um reconhecimento pessoal de sua identidade e ancestralidade. “Nós devemos falar sobre a nossa cultura e identidade, sobre as nossas potencialidades com o intuito de que nossa história não seja reduzida a um ponto específico, a um embargo histórico e social que foi a escravidão”, defenda a estudante ao se referir à importância das escolas e universidades nesse processo.
Exibido sempre na terceira quinta-feira de cada mês, a partir das 19 horas, o programa Quilombo da Ciência vem recebendo professores, pesquisadores e seus grupos de pesquisa inseridos de diferentes formas nas temáticas étnico-raciais do Ceará e do Brasil. A transmissão ocorre sempre no canal da ADUFC no YouTube.
(*) Clique AQUI para assistir à segunda edição do programa Quilombo da Ciência.
(**) A primeira edição, “O que é Aquilombar? Aquilombamos?”, pode ser assistida na íntegra clicando AQUI.