Com participação da ADUFC-Sindicato em sua conferência de abertura, foi encerrado nesta sexta-feira (9/7) o II Congresso Extraordinário da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce). A atividade, em formato virtual devido às medidas de segurança sanitária contra a Covid-19, teve como tema: “Levante e Lute para reconstruir o Brasil, os Serviços Públicos e os direitos da classe trabalhadora”. Participaram servidores municipais, representantes de entidades sindicais de todo o Ceará. A ADUFC foi representada pelo presidente da entidade, Prof. Bruno Rocha, que aprofundou questões ligadas à Reforma Administrativa e os impactos dos ataques à saúde e à educação.
Também docente do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará (UFC), Bruno Rocha foi um dos dois debatedores convidados para a conferência de abertura, que ocorreu ontem (8/7), com a participação também do Prof. Ruy Braga, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP). A discussão, que integrou a mesa central do evento, foi mediada pela presidente da Fetamce, Enedina Soares.
Ambos os debatedores ressaltaram a capacidade organizativa e combativa do movimento sindical brasileiro, assim como a importância dela na atual conjuntura. “Estamos em um momento dramático da vida no país e o momento nos convoca a enfrentar os grandes desafios que se avizinham”, destacou Ruy Braga, que também é membro do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic), centro interdepartamental de pesquisa vinculado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. O pesquisador reforçou, ainda, a reconstrução do Brasil e a defesa país e do serviço público como peças centrais – como sintetiza o título do congresso. Ruy Braga também aprofundou questões relacionadas ao significativo cenário das políticas de destruição do trabalho.
Em sua fala, Bruno Rocha trouxe questões imediatas da luta dos trabalhadores na atualidade, como a Reforma Administrativa e o processo carregado por ela de destruição dos serviços públicos e do estado de bem estar social. “Um processo que vem se arrastando em escalada desde o golpe de 2016, passando pela Emenda Constitucional (EC) 95, Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência…”, apontou o docente. Em sua avaliação, a EC 95 “praticamente criou o caminho para esfacelar as políticas de educação e saúde no país”. Para ele, a fragilidade em meio a esse processo e ao fascismo instalado levou a esquerda e a classe trabalhadora a ter dificuldades de mobilização e construção das lutas. “Mas nem assim nós deixamos de lutar e continuamos lutamos com todas as forças possíveis contra esses retrocessos”, enfatizou Bruno.
O presidente da ADUFC fez, ainda, uma relação com propostas anteriores e ineficazes da direita como saídas para a crise econômica brasileira, como a PEC Emergencial, que avançou com a promessa de congelamento de salários. “A Reforma Administrativa não foge disso. Ambas são reflexos da incapacidade da direita de compreender a sociedade como um estado que deve prover toda a população de bem estar social. Essa direita não vê isso, e sim o contrário: vê a redução do estado como solução”, apontou, acrescentando que há uma “concepção completamente equivocada sobre mundo do trabalho”, que também é disseminada junto à sociedade.