Ao lado de representantes sindicais e integrantes de movimentos sociais e estudantis, a ADUFC-Sindicato participou, nesta quarta-feira (19/5), de ato em frente à Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza, como parte da agenda do Dia Nacional de Luta – A educação precisa resistir. Na pauta da manifestação, protestos contra os cortes federais bilionários no orçamento para a educação em 2021 e contra a imposição do retorno presencial às aulas sem vacinação massiva. No bairro Benfica, as atividades envolveram denúncias com faixas e cartazes chamando a atenção da população sobre os riscos dessas ações governamentais. A ADUFC também realizou ações pela manhã em vários bairros e, à noite, fez os alertas em outros três pontos da capital – desta vez, com projeções visuais em edificações.
Durante a tarde, os/as manifestantes exibiram, durante uma hora, faixas e cartazes e realizaram adesivaço no cruzamento da Avenida da Universidade com 13 de Maio. Na sequência, fizeram um “cadeiraço”, bloqueando o trecho por cerca de 15 minutos, alertando a população sobre os riscos do Projeto de Lei (PL) 5595/20, em tramitação no Congresso Nacional, e que impõe a reabertura de escolas e universidades no pior momento da pandemia da Covid-19. A atividade integra uma agenda nacional por vacina, pão, saúde e em defesa da educação pública. Participaram da ação seções sindicais do ANDES-SN e diversas entidades que compõe o Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta pelos Direitos e pelas Liberdades Democráticas, além do movimento estudantil e docente que atuam em várias esferas.
A mobilização também reivindicou a recomposição dos orçamentos das instituições federais de ensino, além de dar visibilidade a pautas como “Fora Bolsonaro e Mourão” e o enfrentamento à PEC 32/2020, da Reforma Administrativa, que precariza o serviço público. Os protestos foram direcionados, ainda, à revogação da Portaria do MEC 983/2020, que traz ataques aos professores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
“Educação pública está na UTI e pede socorro”
“Os comércios estão fechando, as aulas não retornaram e a vida não voltou ao normal por causa do Bolsonaro. Mais de 430 mil pessoas(*) já morreram para uma doença para a qual já existe vacina”, criticou o Prof. Bruno Rocha, presidente da ADUFC. As falas dos docentes e estudantes que participaram do ato público – organizado respeitando as medidas de segurança sanitária e realizado em conjunto com as várias entidades na defesa da educação – funcionaram como um alerta à população sobre os cortes nas universidades públicas e sobre os riscos do retorno presencial das aulas sem vacinação massiva.
A 1ª vice-presidente da Regional Nordeste 1 do ANDES-SN, Profª. Sâmbara Paula, endossou as palavras do presidente da ADUFC e lembrou que “o governo Bolsonaro elegeu a educação como principal inimiga e alvo de ataques”. Sâmbara, que também é docente da Universidade Estadual do Ceará (Uece), reforçou que o chefe do Executivo federal busca, cotidianamente, destruir o serviço público”. Docentes da rede estadual também se somaram ao ato, como o Prof. Jari Pereira, integrante do Travessia Coletivo Sindical e Popular. Em sua fala, ele avisou à população que o ato nacional que ocorria no cruzamento defendia a educação pública, “que também está na UTI e também pede socorro”. Entidades representativas de estudantes e movimentos sociais da capital e interior também compareceram à atividade.
Solidariedade e luta: comida no prato e denúncias no alto dos prédios
No mesmo dia 19, o Sindicato de Docentes da Universidade Estadual do Ceará – seção ANDES-SN (Sinduece), que também aderiu à mobilização nacional, fez um ato simbólico em frente à UECE (Campus Itaperi) e participou de algumas atividades de mobilização ao lado da ADUFC e de outras entidades.
No Dia Nacional de Luta, a ADUFC também promoveu ações de solidariedade, com a doação de mais de quatro toneladas de alimentos a comunidades vulneráveis de Fortaleza e do interior do estado. “Esse dia é muito especial, num momento tão delicado, em que se pede mais segurança para os professores e alunos só voltarem para as salas de aulas quando houver vacina. E, ao mesmo tempo, estamos juntos auxiliando as pessoas que estão nos locais mais carentes. Gratidão a todos por esse movimento”, disse Rosângela Lira, integrante da Associação Beneficente Casa da União Coração de Maria (Caucaia) – a entidade recebeu 70, das 420 cestas básicas doadas ontem pela ADUFC. O Coletivo ArRUAça, que atua em Fortaleza e Região Metropolitana e recebeu 100 cestas, também fez um vídeo de agradecimento.
Pela manhã, a ADUFC realizou faixaço com referência ao Dia Nacional de Luta em pelo menos cinco pontos de Fortaleza, em viadutos e passarelas – a exemplo de algumas localizadas nas avenidas Aguanambi, Washington Soares, Borges de Melo e Antônio Sales. Como parte da programação e junto com outras entidades, o sindicato promoveu, ainda, a circulação de carros de som em vários bairros da cidade com mensagens em defesa da vacina e da educação pública, veiculadas também como spots na Rádio Universitária FM até o próximo dia 25/5.
À noite, a ADUFC promoveu projeções em três edificações da capital cearense com mensagens contra os atos arbitrários do Governo Federal, a favor da vacina para todas e todos e em defesa do retorno presencial das aulas somente com vacinação massiva. A iniciativa acompanhou a programação nacional, que contou com projeções realizadas pelo ANDES-SN de frases de resistência em equipamentos públicos de Brasília, como o Museu Nacional.
(*) Esse número já ultrapassa 444 mil, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil, consolidados às 17h30h desta sexta-feira (21/5).