No governo Bolsonaro, a Universidade Federal do Cariri (UFCA) passa pelo momento mais difícil. Neste ano, a instituição conta com menos de R$ 24 milhões, de acordo com a Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), representando uma queda de quase 39% em apenas seis anos. Entre outros problemas, é o que aponta a Agência Retruco, portal de jornalismo independente que vem produzindo uma série de matérias mostrando como as trajetórias das universidades públicas espalhadas pelo interior do Nordeste se atravessam. Seja pelas semelhanças a partir dos seus surgimentos e expansões ou pelos cenários de resistência de quem as faz.
Ao longo dos anos, a área mais afetada pelos cortes orçamentários na UFCA é a Pesquisa, segundo relato da pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da instituição, Profª. Laura Hévila. Ouvida pela Retruco, ela afirmou que “as principais fontes de recursos dos cientistas brasileiros vêm sofrendo cortes” e que “sem financiamento de bolsa, projetos são abandonados ou são executados pelos pesquisadores sem o mesmo potencial”, impactando a formação de grupos de pesquisa competentes, geralmente formados com décadas de esforço nacional.
Os números evidenciam a fala da pró-reitora. Em quatro anos, a UFCA perdeu 84% das bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A matéria da agência aponta ainda que o cenário de instabilidade orçamentária atravessada pela UFCA, desde a sua origem, gera medo e frustração também nos estudantes. Em sua já havia indicado a leitura de uma das matérias dessa série, que tratava da perda de quase metade das bolsas de mestrado em dois anos nas universidades do interior nordestino.