Minimizando a gravidade sanitária em que se encontra o país em razão da pandemia da Covid-19, a Pró-Reitoria de Graduação da UFC (Prograd) encaminhou nesta quinta-feira (8/4) uma proposta negacionista de Calendário Universitário, a ser apreciada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) na próxima segunda-feira (12/4). A Diretoria da ADUFC-Sindicato repudia a atitude da Prograd e da Reitoria da UFC, que tentam normalizar uma situação que é dramática e sem precedentes na história desse país, impondo a execução de um calendário acadêmico completamente inapropriado à situação de sofrimento e anormalidade social que estamos vivendo.
A proposta a ser votada na reunião do CEPE prevê a conclusão dos dois semestres de 2021 ainda este ano, desconsiderando que o ano letivo de 2020 encerra-se apenas nesta semana, em 10/4. Na prática, estudantes e docentes serão submetidos a três semestres em um único ano. A iniciativa ignora o desgaste físico e mental de professores/as durante a pandemia, as muitas exigências e fragilidades do ensino remoto e as grandes responsabilidades que caíram sobre os ombros dos docentes, sem o devido apoio institucional. Mais uma vez, a Reitoria opta pelo caminho da indiferença e insensibilidade aos problemas agravados neste período, como dificuldades materiais e problemas de saúde mental, sem contar com as adversidades trazidas diretamente pela pandemia, como adoecimento por Covid-19 e perdas de vidas de entes queridos.
Também a ADUFC manifesta extrema preocupação com os prejuízos à qualidade da formação dos estudantes da UFC, em vista da combinação de ensino remoto e semestres letivos encurtados, de apenas 85 dias, ainda mais em um contexto de altíssima evasão. A normalidade negacionista imposta pela Reitoria da UFC tem sido frequentemente inimiga da qualidade do ensino na universidade pública, a qual a comunidade universitária tanto preza.
Esses semestres encurtados e acelerados podem também comprometer os períodos de recesso necessários ao gozo de férias dos docentes. A ADUFC está atenta e agirá para impedir quaisquer violações dos direitos de professores e professoras, em especial aqui o direito a férias, colocando a sua assessoria jurídica à disposição para docentes que precisem de suporte. O sindicato denuncia, mais uma vez, a atitude autoritária desta Reitoria, que atua por intervenção de um governo federal igualmente autoritário e descomprometido com os direitos sociais.
Desde o início da pandemia, a ADUFC tem acompanhado as condições de aulas remotas às quais estão submetidos/as estudantes e docentes, posicionando-se contrariamente ao negacionismo da Reitoria da UFC, que, ainda em março de 2020, queria impor um sistema remoto de ensino, sem qualquer debate ou planejamento com a comunidade universitária, para forjar uma normalidade inexistente. Tal medida, que visava tornar obrigatórias de imediato as atividades remotas, foi fortemente confrontada pelos diretores e pela comunidade universitária, que ressaltavam as dificuldades excepcionais do momento e a preocupação com a garantia da qualidade do ensino.