O presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, participou, nesta terça-feira (23/3), de debate na rádio O POVO/CBN sobre a importância da ciência e o papel das universidades públicas durante este período de pandemia. Na entrevista, o docente reforçou o impacto da pesquisa e da extensão na produção de conhecimento sobre a Covid-19 e denunciou o autoritarismo vivenciado pela Universidade Federal Ceará (UFC), sob intervenção do Governo Federal há 19 meses.
Durante o programa, Bruno Rocha manifestou-se contrariamente à privatização das universidades públicas e lembrou que a maior parte das pesquisas no Brasil é, historicamente, financiada e desenvolvida pelo setor público. “A universidade tem que gerir esses projetos (que têm interação com a iniciativa privada) de uma forma que o interesse público seja preservado. E que a universidade não seja só um lugar onde as empresas venham buscar mão de obra barata, sem pagar direitos trabalhistas, ou vantagens financeiras sem dar retorno para a sociedade brasileira”, avaliou.
Ainda sobre esse ponto, ele lamentou o atual contexto de produção de pesquisa no país, que enfrenta carência de financiamento público justamente no momento em que a ciência tem se mostrado essencial para superar a pandemia. “A situação atual é vexatória. A gente entra na plataforma do CNPq e não tem um único edital para financiamento à pesquisa, nem relacionado à Covid-19. Na Capes, a redução foi drástica”, denuncia o docente, lembrando dos vetos de Jair Bolsonaro aos repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Um dos vetos foi derrubado no Congresso Nacional após ampla mobilização da comunidade científica.
“O papel das universidades na pandemia foi fundamental. No Ceará, (isso ocorreu) com a produção de informações e de conhecimento e soluções, inclusive citadas pela Reitoria como se fossem obras dela, mas são da comunidade universitária”, destacou Bruno Rocha, referindo-se à entrevista concedida por Cândido Albuquerque, interventor da UFC, ao mesmo veículo jornalístico no dia anterior.
Informações errôneas e inverídicas do interventor da UFC também foram rebatidas por Bruno Rocha, como o suposto custo elevado por aluno/a nas universidades, o funcionamento das aulas remotas na pandemia e a autonomia universitária para escolha de reitores. Sobre o último tópico, o interventor chegou a declarar que “não há nenhum país do mundo em que se faça eleição para reitor”. “O que não existe é presidente da República nomeando reitor”, corrigiu o presidente da ADUFC, apontando universidades de países como Estados Unidos, França e Alemanha onde os conselhos das próprias universidades escolhem as reitorias. O docente lembrou que nas universidades brasileiras a democracia foi ampliada, incluindo a comunidade universitária na consulta. “E isso não é ruim, deveria ser copiado e não diminuído”, pontua.
(*) Assista ao debate na íntegra AQUI.