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ADUFC repudia manifesto de médicos/as cearenses que apoiam Jair Bolsonaro

A ADUFC-Sindicato vem a público repudiar o “Manifesto dos médicos cearenses em prol do Brasil”, iniciativa que germinou entre um grupo de médicos do Ceará em defesa de Jair Bolsonaro, justamente quando o País enfrenta o período mais crítico da pandemia da Covid-19, que já levou a vida de quase 280 mil brasileiros e brasileiras. Lamentamos, ainda, a assinatura no manifesto de José Glauco Lobo Filho, que ocupa o cargo de vice-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC) por intervenção do Governo Federal.

Como relevante centro de pesquisa e produção de ciência, a UFC não pode estar associada a qualquer iniciativa que enalteça uma gestão que é a representação macabra da necropolítica. Vale destacar que reitores de duas universidades federais do Ceará – UFC e UNILAB – foram os únicos que não assinaram o Manifesto em Defesa da Vida e da Ciência, uma iniciativa das universidades públicas e instituto federal cearenses em apoio às ações de combate à Covid-19.

É inadmissível o apoio a uma gestão federal que não tem apreço pela vida e que ignorou todos os alertas de autoridades sanitárias sobre a gravidade da pandemia, inclusive da Organização Mundial de Saúde (OMS). Lembramos que a negligência e o descaso de Bolsonaro e sua equipe na negociação de vacinas colocaram o Brasil no final da fila de imunização para o vírus e no topo do número de mortes por Covid-19 no mundo.

Cada médico/a que assina o manifesto em favor deste governo torna-se cúmplice de um presidente da República que não apenas ignorou a seriedade da pandemia como estimulou o seu agravamento ao não recomendar o uso de máscaras de proteção, incentivar aglomerações de pessoas e minimizar a dor das centenas de milhares de famílias que enterraram entes queridos no último ano por complicações da Covid-19.

No boletim “Direitos na Pandemia – Mapeamento e Análise das Normas Jurídicas de Resposta à Covid-19 no Brasil”, o Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e a Conectas Direitos Humanos, uma das mais respeitadas organizações de justiça da América Latina, lançaram uma edição especial, divulgada em janeiro deste ano, na qual asseguram que “a pesquisa revelou a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo Governo brasileiro sob a liderança da Presidência da República”.

Em um ano de pandemia, o Governo Federal empossa agora o quarto ministro da Saúde e consagra a falta de compromisso com uma política nacional de enfrentamento à Covid-19. O cuidado com as pessoas, característico da profissão médica, é incompatível com o apoio a um governante que pisoteia a dor alheia e menospreza a vida humana. 

Fortaleza, 16 de março de 2021

ADUFC-Sindicato
Gestão Resistir é preciso (Biênio 2019-2021)

Seção sindical dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará

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