A alegria transgressora, urgente e necessária pontuou os quatro blocos com falas políticas, poesia e música que abriram, em âmbito local, a jornada 8M ao 14M no Ceará, na última segunda-feira (8/3). A live 8 de março de 2021 – ADUFC-Sindicato – (R)Existiremos + fortes abriu o leque de atividades que envolveram outras ações político-culturais e debates, com temas como conjuntura política e a luta das mulheres, além do combate à violência contra elas. Toda a programação foi realizada de forma virtual, seguindo as medidas de segurança sanitária devido à pandemia de Covid-19 e, em Fortaleza, mais restritivas, por conta do lockdown decretado no último dia 5 e ampliado para todo o estado a partir deste sábado.
A jornada de luta 8MCE vai ser encerrada neste domingo (14/3), quando se completam três anos do assassinato da deputada Marielle Franco (PSOL-RJ). A ideia é demarcar o 14M com um ato político-cultural exigindo justiça por Marielle e seu motorista Anderson Gomes. A atividade tem início às 16 horas, com transmissão pela página do Facebook do PSOL Ceará e pelas páginas de outras organizações parceiras do 8MCE, como Frente Brasil Popular Ceará, Povo Sem Medo Ceará e 8M Ceará.
A ADUFC-Sindicato realizou o ato (R)Existiremos + fortes como uma atividade política e cultural por entender que, apesar de todo o luto sentido pela morte de quase 273 mil brasileiros e brasileiras em decorrência da contaminação pelo novo coronavírus, “não podemos perder a esperança na luta pela transformação social, ao mesmo tempo que não podemos perder a nossa capacidade de sentir alegria, mas uma alegria transgressora, capaz de inspirar sonhos e ações de engajamento social”. Assim, a Prof. Irenísia Oliveira abriu a live, em nome da ADUFC, entidade da qual é vice-presidente.
A dirigente e professora, que atua no Departamento de Literatura da UFC, afirmou que “a tristeza não pode ser senhora de nossos dias” e que, “apesar de isoladas, não estamos sozinhas”. Irenísia também destacou em sua fala a contínua ausência de uma política nacional de saúde capaz de conter a propagação do coronavírus, por meio, por exemplo, da compra de vacinas. “Precisamos de vacina! Desejamos que todas e todos sejamos vacinadas!”, emendou. A dirigente teve a companhia das professoras Lena Espíndola e Ana Paula Rabelo, ambas também representando a diretoria da ADUFC.
Música, poesia e força
As cantoras/compositoras Di Ferreira, Mona Gadelha e Lorena Nunes estiveram entre as artistas que participaram da live transmitida pelas páginas da ADUFC e entidades parceiras da jornada 8M no Ceará. Elas apresentaram shows musicais em versão reduzida e intercalaram-se entre as leituras de poesia e falas políticas, como a de Ana Eugênio, estudante de pós-graduação da UNILAB e quilombola do Sítio Veiga, em Quixadá-CE.
Militante do movimento quilombola, Ana emocionou, ao participar do 8M pouco tempo após a despedida de sua mãe: “Nossa luta em defesa da educação escolar quilombola está mais resistente do que nunca. Que respeitem nosso conhecimento e nossos corpos. Deveríamos hoje estar nas ruas e infelizmente não podemos. Mas na imersão desse nosso isolamento, a resistência continua firme. Muitas de nós tombaram, mas somos frutos dessas mulheres que lutaram e que acreditaram sim em outro modelo de sociedade”.
A poesia da escritora Conceição Evaristo foi adocicada na voz da Profª. Luana Antunes, do Instituto de Linguagens e Literaturas da UNILAB/CE. A Profª Suene Honorato, do curso de Letras/UFC, também leu poema de autoria própria. A Profª. Kamila Fernandes, do curso de Jornalismo/UFC, relembrou a poetisa caririense Jarid Arraes: “Desistir é coragem difícil/ somos programados para tentar”.
Outras estudantes, professoras, artistas e militantes das causas das mulheres estiveram reunidas na live, de forma virtual, interligadas às diversas ações, articuladas também nacionalmente, dando visibilidade à situação das mulheres e o mote unificado de “Fora Bolsonaro, vacina para todas as pessoas e auxílio emergencial já”. As atividades em Fortaleza ocupando as redes e os prédios. As mulheres cearenses deram seu recado nesse 8M: “Fora Bolsonaro genocida!”, com um projetaço no prédio em frente à Secretaria da Fazendo do Estado, na capital, na noite do Dia Internacional de Luta das Mulheres.
Margarida e Cris: mulheres construindo pontes para surdas e surdos
Democratizando as discussões e a exemplo das atividades virtuais e presenciais (estas realizadas antes da pandemia) da ADUFC, a live (R)Existiremos + fortes ampliou o leque de audiência, garantindo ao público surdo o acesso à discussão ao traduzir a atividade, em tempo real, para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). A tradução simultânea foi feita durante as pouco mais de duas horas de transmissão da live por Cris Farias e Margarida Pimentel. Cris é tradutora-intérprete da UFC e Margarida, uma das primeiras professoras do Departamento de Letras Libras e Estudos Surdos (DELLE) da universidade. As duas costumam atuar em parceria nas traduções das atividades da ADUFC, desde debates in loco e assembleias, passando por espetáculos culturais, a lives na internet.
(*) Se você perdeu ou quer assistir novamente à live “8 de março de 2021 – ADUFC-Sindicato – (R)Existiremos + fortes”, acesse nossa página no Youtube.