Docentes de universidades federais de todo o País se manifestam nesta semana em defesa da autonomia universitária e contra a Reforma Administrativa. Nesta quarta-feira (9/12), professores e professoras participaram de ato no Ministério da Educação (MEC) para protestar contra as intervenções do governo Bolsonaro na nomeação de reitores das Instituições Federais de Ensino, com a presença dos reitores não empossados. De forma remota, o presidente da ADUFC-Sindicato, Prof. Bruno Rocha, participou da manifestação, que contou com adesões online e presenciais.
O ato, que se concentrou em frente ao MEC, dá continuidade às atividades realizadas em defesa da autonomia das universidades, sendo apoiado por diversas entidades, como o ANDES-Sindicato Nacional e Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE). Estudantes e representantes de outras organizações também participaram da agenda.
Na última sexta-feira (4/12), reitoras e reitores eleitos e não empossados por Jair Bolsonaro nas universidades federais lançaram uma carta denunciando a falta de respeito à vontade da comunidade acadêmica e acusando o presidente da República de promover “procedimentos danosos de intervenção” no ensino público superior. Sem resposta oficial às reivindicações, os reitores foram a Brasília e decidiram ocupar o MEC nesta quarta-feira como forma de repúdio ao desrespeito do Governo Federal.
A Universidade Federal do Ceará (UFC) é uma das 18 instituições que estão sob intervenção, uma vez que Jair Bolsonaro nomeou como reitor, há mais de um ano, um candidato com votação pífia e que não tem legitimidade para o cargo. “Estamos aqui para dizer que o MEC receba esses ministros, porque eles, sim, têm legitimidade e participaram de um processo democrático de escolha”, disse a presidente do ANDES-SN, Profª. Rivânia Moura, que estava no ato em Brasília.
Para o Prof. Bruno Rocha, o Governo Federal já demonstra todo o seu padrão autoritário desde o início da gestão, refletindo “todo o desapreço pelo preceito constitucional”. “Não gosta da democracia que acontece dentro das universidades e, por isso, desde o início do seu governo, tem tentado incidir sobre a indicação dos reitores. E não só dos reitores. Depois disso tivemos medidas provisórias tentando definir como escolher diretores de unidades acadêmicas, desvirtuando toda uma história de luta pela busca de autonomia”, critica.
O docente também detalhou o “modo de operação” das intervenções nas universidades, que se consolidam com a adesão de uma fatia minoritária de técnico-administrativos/as e professores/as que sustentam a intervenção “por dentro” das universidades. “Lamentavelmente temos colegas que aderem e fazem esse papel, que é ultrajante e desrespeitoso, mas nossos colegas assumem essa postura e se tornam esses interventores nas universidades”, destaca. “Os reitores do Bolsonaro, que são os interventores nas universidades e institutos federais, estão implantando uma política antidemocrática, extremamente autoritária e baseada em portarias”, complementou Bruno Rocha, comparando as portarias dos interventores nas universidades com os decretos assinados por Jair Bolsonaro, ambos modelos antidemocráticos de gestão.
Dia Nacional de Luta contra Reforma Administrativas e ataques do Governo Federal
Nesta quinta-feira (10/12), entidades do funcionalismo público federal, estaduais e municipais organizam um Dia Nacional de Luta contra a Reforma Administrativa do governo de Jair Bolsonaro, as privatizações e contra o fim do Auxílio Emergencial.
Serão realizados atos virtuais e presenciais, respeitando as medidas de segurança sanitárias, em diversas cidades do país.
A jornada contará com um ato presencial em Brasília (DF) às 8h, com concentração em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo distrital. Às 9h será feita uma saída de carreata pela Esplanada dos Ministérios, encerrando com um ato unificado às 10h em frente ao Congresso Nacional.
Em São Paulo (SP), o Fórum dos Trabalhadores do Setor Público do Estado de São Paulo, com a participação dos sindicatos que representam trabalhadores do Judiciário e da CSP-Conlutas, convoca um ato às 10h, na Praça Ramos.
(*) Com informações do ANDES-SN