O Diário Oficial da União do dia 14 de outubro registrou a nomeação do professor Emmanuel Tourinho para o cargo de reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA) após mais de um mês de espera. A recondução do reitor ao cargo ocorre após mobilizações da comunidade universitária em defesa da democracia e da autonomia na UFPA. Emmanuel foi eleito reitor no dia 30 de junho com 92,7% dos votos de professores, estudantes e servidores técnico-administrativos, e encabeçou a lista tríplice elaborada pelo Conselho Superior Universitário (Consun) da UFPA encaminhada ao Ministério da Educação (MEC) ainda em julho.
No entanto, desde 22 de setembro, quando encerrou seu mandato anterior, Emmanuel Tourinho aguardava nomeação. Nesse período, o governo de Jair Bolsonarol fez diversas manobras para retardar a posse do reitor e justificar uma intervenção na UFPA. A lista tríplice chegou a ser devolvida ao Consun, sob a justificativa de que desrespeitava a legislação vigente. Mas, após parecer da Procuradoria, os conselheiros reafirmaram a composição da lista.
Em conjunto com Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Pará (Sindtifes) e DCE, a Seção Sindical do ANDES-SN na UFPA (ADUFPA) esteve na linha de frente da defesa da democracia e da autonomia na universidade, reivindicando a nomeação imediata de Emmanuel Tourinho. Atos públicos foram realizados na instituição, parlamentares da bancada federal foram pressionados, ações na Justiça foram impetradas, outdoors afixados na cidade e uma carreata chegou a ocupar as ruas de Belém, exigindo que o reitor eleito fosse empossado.
Para a diretoria da ADUFPA, a nomeação de Emmanuel Tourinho é uma vitória da democracia e da comunidade universitária, que esteve mobilizada no último período para fazer valer a vontade manifestada nas urnas. “Em um período de ameaças às liberdades democráticas, tivemos uma imensa vitória com a nomeação do reitor eleito por professores, estudantes e técnico-administrativo da UFPA. Mas a luta pela autonomia universitária continua, contra os desmandos e ataques do governo Bolsonaro à Universidade pública”, garantiu o diretor-geral da ADUFPA, Gilberto Marques.
Intervenção como prática do Governo Federal
O receio da não recondução de Tourinho ao cargo de reitor na UFPA se deve à postura autoritária e antidemocrática do presidente Jair Bolsonaro, que não tem respeitado o resultado dos processos de escolha conduzidos nas universidades federais. Desde que assumiu o governo, Bolsonaro já interferiu na escolha de dirigentes de diversas universidades e institutos federais. Em algumas, indicou nomes que não estavam em primeiro na lista tríplice enviada pelas instituições – como é o caso da UFC, Ufersa, IFRN, UFRGS, Unifesspa, Cefet RJ, IFSC, UFRB, UFVJM, UFTM e Ufes. Já na UFGD, UFFS, Univasf e UNILAB, o presidente indicou como reitores pessoas que não participaram do processo de escolha interno às universidades.
(*) Com informações da Adufpa e do ANDES-SN