O novo Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) e sua importância para a ciência, tecnologia e filosofia foram temas de discussão em live transmitida nesta quarta-feira (16/9), numa promoção da Associação de Pós-Graduandos da Universidade Federal do Ceará (APG-UFC). O presidente da ADUFC-Sindicato, Prof. Bruno Rocha, também participou da transmissão ao vivo, que ainda discutiu os impactos do novo plano para o sistema de pós-graduação do Brasil.
Além de Bruno Rocha, que também já coordenou a Pós-Graduação em Bioquímica da UFC, a live contou com a participação de Paulo Winicius Teixeira, doutorando em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). A mediação foi feita por Denilson Feitosa, mestrando em Sociologia pela UFC e coordenador de ensino, pesquisa e extensão na diretoria da APG-UFC.
O PNPG para os anos de 2021 a 2030 será produzido durante o segundo semestre deste ano. Em outubro, a Comissão Especial de Acompanhamento do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2011-2020 deve entregar à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) o relatório final do PNPG 2011-2020. O documento terá uma análise da implementação do Plano, metas e recomendações para os próximos 10 anos.
De acordo com Bruno Rocha, o plano nacional vigente (de 2010-2020) teve uma grande vitória, pois foi a primeira vez que esteve vinculado ao Plano Nacional de Educação (PNE). Mas, embora tenha tido esse saldo positivo, a expansão atingiu apenas algumas áreas, visto que não foi estruturada e nem teve o financiamento necessário. “O próximo plano deve estar vinculado a um projeto de financiamento mais claro, pois atualmente os financiamentos feitos pelos planos de pós-graduação são generalistas: não trazem fontes, não são específicos e nem recursos devidos”, afirmou o Prof. Bruno Rocha.
O financiamento concentra-se na (CAPES), principalmente com bolsas ou auxílio de custeio. Tendo também o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) com bolsas, onde os professores fomentam seus projetos de pesquisas. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) também participa dessa estrutura, no entanto apenas com elementos direcionados às instituições e não aos programas. Devido ao fato de o PNPG não possuir vinculação orçamentária alguma, o governo pode cortar o financiamento das agências sempre que conveniente com suas demandas. Na avaliação de Bruno Rocha, é um dos motivos para a expansão só funcionar se tiver um financiamento claro e pontuado. Para ele, as críticas feitas sobre “a universidade ficar dentro dos seus muros” são injustas, visto que não existe dinheiro para que a extensão universitária seja feita com excelência.
Paulo Winicius concordou com o Prof. Bruno, afirmando ser necessário definir com clareza e foco o objetivo da pós-graduação para a sociedade. “Não dá mais para pensar uma pós-graduação e uma pesquisa que não estejam articuladas com as demandas sociais. Os indicadores têm de estar vinculados a critérios e articulando a extensão popular”, disse o historiador. Ele apontou que, para se pensar o novo plano nacional, é preciso analisar o governo vigente, mas que para além da crise econômica que afeta a pós-graduação, existe também uma crise ideológica. “Há uma naturalização de que não há saída para além dos horizontes de mercado, não haveria outra saída para a universidade brasileira além dessa”, explicou Paulo. O pesquisador defendeu ainda a urgência do controle social sobre a pesquisa.