Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-Sindicato
Numa articulação independente, diversos movimentos sociais e sindicais realizaram um ato simbólico na 26ª edição do Grito dos/as Excluídos/as na manhã da última segunda-feira (7/9). Com o tema “A vida em primeiro lugar”, e o lema “Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”, o Grito de 2020 foi realizado este ano prioritariamente de forma virtual. Os atos de rua com caminhadas, organizados pelas Pastorais e Arquidiocese de Fortaleza, não ocorreram devido à pandemia de Covid-19. Em Fortaleza, a manifestação simbólica ocorreu no cruzamento das avenidas Rui Barbosa e Historiador Raimundo Girão, e seguindo as normas de segurança sanitária e respeito o decreto estadual que regulamenta atos públicos no período da pandemia.
A exemplo do ano passado, a ADUFC somou-se à luta das paróquias, movimentos populares e sindical, comunidades e organizações da sociedade civil para denunciar a exclusão. O presidente do sindicato, Prof. Bruno Rocha, dedicou sua fala à importância da ciência e da educação na atual (e difícil) conjuntura: “Nesse grito contra a exploração e a desigualdade, e enquanto sindicato de professores de universidades, a gente entende que a educação é um caminho para a redução dessas desigualdades”.
Para o professor e dirigente, “nesse momento em que atravessamos uma pandemia, a defesa da educação pública se torna ainda mais importante como forma de garantir a vida das pessoas”. Bruno Rocha enfatizou também a importância de não se negar a ciência. “A negativa da ciência tem sido um enredo histórico da construção das narrativas autoritárias baseadas em mentiras e que desvirtuam todo o processo de evolução da humanidade. Se a gente chega nesse momento, do negacionismo da gravidade dessa pandemia, a gente também vê como a educação precisa incidir para que a sociedade veja e compreenda o risco pelo qual passamos”.
ADUFC SUGERE:
Artigo do Prof. Rafael dos Santos da Silva (UFC Campus Crateús/OPP)
Grito dos/as Excluídos/as – A expressão humana mais potente
O grito marca a saída de nossas angústias, comunica nossas intemperanças e nos auxilia frente ao imponderável. É a expressão humana mais potente, o limite entre o desespero e a esperança, a fuga do vazio existencial para o encontro coletivo é o caminho rumo à liberdade. A pergunta que se faz aqui é: quais são os gritos que nos unem?
O tema “VIDA EM PRIMEIRO LUGAR” abre a 26ª edição do Grito dos excluídos(as) em todo Brasil e esteve nas redes virtuais. Sob a articulação das pastorais progressistas e dos movimentos sociais organizados nas periferias, a mobilização visa debater as expressões da exclusão envolvendo trabalho, terra, teto e participação. Assim, o Grito dos Excluídos(as) reuniu os indígenas, os negros/quilombolas, as mulheres, os LGBTIs, as vítimas de violência policial, os sem-teto, os sem-terra, e todos(as) que se unem em torno da justa indignação. O tamanho e a força do grito são elementos de suma importância para estabelecer os limites da coesão social, por isso, o Grito do Excluído(a) é a síntese da democracia plena.
A poética de Gonzaguinha já dizia que “o grito da batalha, quem espera nunca alcança…” Chama atenção o verbo esperar, que deriva de esperança no seu sentido mais simples. Esse tipo de conjugação talvez fizesse muito sentido em outras fases da sociedade, mas hoje não! Agora é preciso “esperançar”, fazer acontecer bem ao termo freiriano de ver a construção social encarnada nas lutas urgentes e nos gritos constantes.
Tem razão o Papa Francisco quando diz: “Hoje, amanhã não. Hoje!” Por isso, precisamos nos encontrar nos diversos gritos que ecoam das periferias. Precisamos empunhar a bandeira da vida e da liberdade, gritar e organizar os gritos que nos cercam. Afinal, como dizia João Cabral de Melo Neto, “um galo sozinho não tece o amanhã”.
Gritemos!
Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-Sindicato