O Grito dos/as Excluídos/as de 2020 chega à sua 26ª edição retomando o tema que atravessa uma história de mais de duas décadas de caminhada: “A vida em primeiro lugar”. A exemplo do ano passado, a ADUFC soma-se à luta das paróquias, movimentos populares e sindical, comunidades e organizações da sociedade civil para denunciar – desta vez: “Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”, lema deste ano. Atos de rua com extensas caminhadas organizados pelas pastorais e arquidiocese não devem ocorrer este ano. No lugar, está sendo planejada uma programação virtual para o dia 7 de setembro (próxima segunda-feira), data oficial da realização anual do Grito.
Uma manifestação simbólica, no entanto, está prevista para ser realizada às 8 horas do dia 7, no Aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza. Com o mesmo tema, a programação paralela da organização regional do Grito dos/as Excluídos/as continua hoje (4/9) uma série de lives com transmissão pelo canal no Youtube do Movimento Igreja em Saída. A discussão será mediada pelo jornalista e sociólogo Ricardo Moura, que integra a Comissão Brasileira de Justiça e Paz e a Articulação Estadual Grito dos Excluídos. A partir das 19 horas, ele dará início ao bate-papo com três convidados: o pastor, teólogo e ator Henrique Vieira; a missionária da Igreja Metodista Elisabeth Cristina; e o teólogo Jamieson Simões, assessor do Comitê Cearense pela Prevenção da Violência da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
“Queremos Terra, Território e Democracia” foi o tema da live de ontem, com participação do economista João Pedro Stédile, membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Sem Terra; e de Ormezita Barbosa, da Pastoral dos Pescadores/as. O debate foi mediado por Neidinha Lopes, da direção estadual do MST. Outras lives foram realizadas ao longo da semana, dentro da programação regional, envolvendo tópicos como “Teto, Trabalho e Participação”. Neste sábado (5/9), a partir das 14 horas, o grupo trará à discussão o tema “Fé e Política Representativa à Luz da Doutrina Social da Igreja”. Diversos atores vêm se somando a essa articulação paralela e simbólica, como a Cáritas Regional, o MST, coletivos da UFC e as Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.
Arquidiocese também realiza transmissões
A Arquidiocese de Fortaleza, através do Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos (CDPDH) também prevê a realização de uma série de transmissões ao vivo, de hoje a segunda-feira, como parte da programação. A partir das 19 horas desta sexta-feira (4), o tema é “Moradia e Direito à Cidade”. Já no sábado a discussão será sobre “Trabalho”, no mesmo horário – ambas as lives devem ser transmitidas pelo canal do CDPDH no Youtube. A Celebração do Grito dos Excluídos e Excluídas deve ser feita pela Arquidiocese de Fortaleza em seus canais nas redes sociais e Youtube a partir das 10 horas do dia 7 de setembro.
Em 2020, o Grito dos/as Excluídos/as também segue alertando para as mudanças radicais e antidemocráticas que vêm se alastrando em escala mundial e atingiram também o Brasil. “Elas têm hoje um terreno favorável na desestruturação dos movimentos sociais, neste momento incapazes de organizar e motivar as grandes massas para uma oposição e resistência ao processo de demolição e esvaziamento de todo e qualquer programa de políticas sociais”, enfatiza a edição nº 73 do Jornal do Grito, recém-publicada. A publicação aponta dois exemplos concretos no país: as reformas trabalhista e da Previdência.
Edição de 2019: Docentes e estudantes denunciaram ataques à educação
ADUFC organizou “Bloco da Educação” no 25º Grito dos Excluídos e representou Comitê em Defesa da Autonomia Universitária (FOTOS: Nah Jereissati/ADUFC)
Em 2019, a defesa da educação pública e os ataques às universidades federais foram bandeiras levantadas pelo Bloco da Educação, formado por professoras e professores dessas instituições no Ceará, durante o 25º Grito dos/as Excluídos/as. As manifestações protestaram contra os retrocessos em diversas áreas e contra o governo Bolsonaro. Em Fortaleza, a ação envolveu milhares de pessoas numa caminhada na Praia do Futuro.
“O nosso grito hoje também é em defesa da educação pública, que pode transformar a vida da classe trabalhadora”, explicou o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, em sua fala durante o encerramento do ato. Na ocasião, a entidade organizou o Bloco da Educação, com estudantes e docentes. No Grito dos Excluídos, o grupo também representou o Comitê em Defesa da Autonomia Universitária, que já denunciava os ataques à educação pública e a intervenção que acabara de se iniciar na UFC.
(*) A participação da ADUFC na 26ª edição do Grito dos/as Excluídos/as foi aprovada em reunião do Conselho de Representantes, realizada no último dia 12 de agosto.
(**) A articulação paralela orienta para o uso obrigatório de máscaras, álcool gel e distanciamento social na manifestação simbólica da Praia de Iracema. Além de indicar a participação de um representante por movimento.