Customize Consent Preferences

We use cookies to help you navigate efficiently and perform certain functions. You will find detailed information about all cookies under each consent category below.

The cookies that are categorized as "Necessary" are stored on your browser as they are essential for enabling the basic functionalities of the site. ... 

Always Active

Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.

No cookies to display.

Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.

No cookies to display.

Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.

No cookies to display.

Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.

No cookies to display.

Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.

No cookies to display.

Pular para o conteúdo Vá para o rodapé

MEMÓRIAS DE QUARENTENA 36: SER ESTUDANTE EM UM CENÁRIO DE PANDEMIA E CRISE NO BRASIL

Larissa da Silva Sousa
Pedro Alisson Santos de Sousa

(Estudantes de Psicologia/UFC e Integrantes do NUCEPEC)

Estávamos na metade do mês de março de 2020 quando as aulas foram canceladas e teve início à quarentena em Fortaleza. Passadas algumas semanas, o número de infectados já cresce exponencialmente e são inúmeras as dúvidas: “como isso começou?”, “o que nos espera?”, “quanto tempo isso vai durar?”, “quais são os grupos de risco?”, “quais são os cuidados?”, “o que o governo vai fazer?”. Além disso, outro temor nos espreita, pois a falta de dinheiro faz com que a fome se torne também um inimigo. É angustiante não sabermos como vamos subsistir em casa. Meu pai trabalhava com fotografias e sustentava a família, mas por conta das determinações de isolamento social, ele perdeu seu emprego e não pode procurar outro até que a situação melhore. Já não era fácil carregar o sustento da casa sozinho, agora é quase impossível. Para piorar a situação, ele faz parte de grupo de risco, e tememos pela sua saúde. Estamos tentando sobreviver como podemos, e o auxílio de amigos e familiares neste momento é nosso apoio. Contudo, o vislumbre do futuro é assustador para nós e para tantas outras famílias que, nestes tempos de pandemia, estão em uma situação semelhante ou ainda mais vulnerável.

O pico do número de casos chegou em maio, acentuando a crise de saúde, mas também política e econômica, que estampam as manchetes dos jornais. São milhares de mortos e o que estava apenas nas notícias, agora acontece com a vizinhança, com os amigos, dentro de casa. No período de apenas 8 dias, perdi dois tios. O último contato que tivemos com um deles foi uma mensagem de “reza por mim, tô indo para o hospital.” E depois disso vieram algumas das complicações graves da doença e, então, a intubação e a UTI, a cirurgia no pulmão, a hemodiálise e a morte. Não tínhamos contato direto: tudo aconteceu apenas por mensagens trocadas pelo Whatsapp. Não houve despedida, a última palavra permaneceu não dita, entravada na garganta e incrédula de que tudo isso estava acontecendo. Só dias depois conseguimos lançar uma última mensagem em direção ao desconhecido e na esperança de que ela chegasse até ele. É difícil acreditar que todas essas coisas estão acontecendo de forma tão brusca.

Parte da minha família se foi e de tantos outros também. Mas e quantos mais estão para ir? O medo da perda é diário e a incerteza é angustiante. Nas redes sociais, postagens de despedidas para alguém querido que partiu, vítima da doença e do descaso, são cada vez mais frequentes. E é nesse contexto, de luto, dor, revolta e medo, que a UFC, em medida controversa e insensível, anuncia os Encontros Universitários Online e o retorno das aulas de modo remoto como uma realidade. A lógica da produtividade absoluta nos cerca: é preciso fazer, não importa em que circunstâncias, não importa o bombardeio de notícias, o sufocamento por lágrimas, o engasgo com dores que não posso gritar. Não importa se assistirei aulas sentado em minha cama com o caderno apoiado no cesto de roupa suja ou na mesa da cozinha, me espremendo entre as panelas, dividindo a mesa de apoio com quem prepara o almoço, dividindo minha atenção entre o conteúdo e a panela no fogo, a criança chorando, o bebê com a fralda para trocar. São dias difíceis, dias de luta, de luto. Perdi meu avô que desempenhava função de pai. Além da Saúde, agora a Educação está em xeque. Não só a educação da escola pública ou particular, do ensino fundamental, médio ou superior. Todo o sistema se degrada, nem Ministro temos mais. E ainda assim a Universidade fecha os olhos para tudo isso, tentando a todo custo fazer acontecer. Afinal, é assim que querem construir o novo sistema superior de ensino do País, ensinar para quem pode. O ensino público, gratuito, de qualidade e acessível está em risco. É acessível para quem tem seu computador, no seu quarto silencioso, com sua internet de qualidade, sem ter tanto com o que se preocupar, enquanto alguém prepara seu almoço.

As políticas não chegam a todos, diferente do vírus. A Covid-19 não escolhe classe social, gênero, cor, religião, estamos todos expostos. Me sinto cercado de perigos por onde quer que olhe. Pânico, ansiedade e depressão espreitam. São tantos medos, tantos temores, tantas notícias, tanto de tudo me afogando, me sufocando, cada vez mais perto, dentro … eu não consigo respirar (I can’t breathe…). Mas esse é o momento de nos levantarmos, todos nós, para lutar pela universidade que queremos, pelo país que merecemos, pelos direitos que conquistamos. Juntos somos mais fortes, podemos mais, chegaremos no amanhã e ele será melhor que o hoje. Falta um longo caminho a percorrer e faremos isso de corações dados, já que não podemos dar as mãos, todos e todas, cuidando de si e do outro, protegendo-nos. Sabemos que o mundo pós pandemia será totalmente novo, e chegaremos lá juntos, em um mundo que será reconstruído por nós, que precisará de nós tanto quanto cada um precisa de si mesmo e do outro. Vamos cuidar, lutar, defender, construir. É preciso estar atento e forte, e para quem acha que não consegue, repetimos: você não está só.

Seção sindical dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará

Av. da Universidade, 2346 – Benfica – Fortaleza/CE
E-mail: secretaria@adufc.org.br | Telefone: (85) 3066-1818

© 2025. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por: Web-az

© 2025 Kicker. All Rights Reserved.

Sign Up to Our Newsletter

Be the first to know the latest updates

[yikes-mailchimp form="1"]