Como ação do Grupo de Trabalho (GT) de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente da ADUFC, na tarde de hoje (6/4) o sindicato comprou 100 folhas de acetato e doou ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design (DAUD) da Universidade Federal do Ceará (UFC). O material será usado na confecção de 500 novos escudos faciais para produção de máscaras a serem distribuídas aos profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à COVID-19 no estado.
Fotos: Roberto Vieira/Arquivo Pessoal
Os recursos para a compra do material doado (cada folha custa R$ 16) saíram da dotação orçamentária do GT. “Vivemos um período de enfrentamento a uma situação completamente única e inédita. Nem a universidade nem a sociedade tinham se preparado para uma pandemia. Somos uma entidade defensora da carreira docente e da democracia, mas nos compreendemos também como um agente mobilizador na defesa de uma sociedade mais justa. Não podemos nos omitir neste momento”, afirma o presidente da ADUFC, Bruno Rocha. Ele lembra que o sindicato segue divulgando em seu site uma lista em constante atualização sugerindo campanhas de arrecadação e distribuição de insumos a segmentos mais vulneráveis da população neste momento de isolamento social.
O professor acrescenta que o sindicato se somou aos esforços dos pesquisadores do DAUD quando teve notícia da dificuldade que eles enfrentavam com falta de matéria-prima para dar continuidade à produção. O trabalho de professores e estudantes da UFC, todos voluntários, é auxiliado por duas impressoras 3D (uma da universidade e outra particular) e cortadora a laser. O grupo vem produzindo peças para a confecção de máscaras de proteção a serem doadas a hospitais públicos. Cada folha de acetato doada é capaz de produzir até cinco escudos faciais para as máscaras que estão entre os equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Pedidos já chegam a 4 mil unidades
A produção das máscaras foi iniciada a pedido da direção do Hospital Geral Waldemar de Alcântara. “Durante o processo, várias outras pessoas começaram a pedir. Então, fizemos um formulário de cadastro e orientamos as pessoas para não pedirem individualmente, mas comunicassem à direçãon do Hospital/Unidade para pedirem o total necessário aos seus profissionais. Fizemos isso para facilitar a logística de entrega”, explica um dos responsáveis pela produção dos EPIs, Prof. Roberto Vieira, do DAUD/UFC. Segundo ele, o formulário já possui cerca de 30 inscrições de diferentes locais, com um pedido total entre 3 mil e 4 mil máscaras.
Os trabalhos estão sendo conduzidos pela Oficina Digital, um dos laboratórios do DAUD/UFC. Três voluntários estão imprimindo em seus equipamentos particulares em casa, além de outros laboratórios que possuem esses equipamentos, informa Roberto Vieira. Segundo o professor , as equipes estão divididas da seguinte forma: Produção (seis impressoras 3D, uma plotter de recorte e uma máquina de corte a laser); Comunicação (produção de material para redes sociais com campanhas de doação feitas pelo Escritório Modelo do curso de Design e voluntários); Distribuição (acompanha as doações e orienta a logística de coleta e entrega): Compras (pesquisa de fornecedores e orientação para compras); e organização geral. No total, são cerca de oito professores de diferentes cursos e 16 alunos bolsistas/voluntários.
O Ceará já registra 1.023 casos do novo coronavírus no estado, segundo o informe epidemiológico divulgado hoje (6/4) pela Secretaria da Saúde (Sesa). O número de mortes pela Covid-19 já chega a 31 no Ceará. Outras 19 mortes são suspeitas no estado e aguardam resultado exame.
Como ajudar?
Podem ser feitas doações de folhas de acetato com espessura a partir de 0,5 mm. Mas por conta da escassez desse material no mercado, estão sendo aceitos os de menor densidade. Os pesquisadores também estão recebendo doações de ligas elásticas de látex e ainda de filamentos para impressão 3D (PLA), também conhecido como ácido polilático. Esse tipo de material é utilizado para tornar o modelo obtido adequado às necessidades e funcionalidades para as quais foram estabelecidas. Ele é geralmente fornecido em carretéis de 1 kg, mas também pode ser encontrado em proporções menores.
De acordo com o professor Roberto Vieira, para acelerar a produção, os pesquisadores também abriram para doação financeira, que será por meio da Fundação ASTEF – Fundação de Apoio a Pesquisas no Ceará e Nordeste. Isso torna a contribuição mais direta e segura, explica ele. Interessados podem doar via preenchimento do formulário, que conta com informações para constar na doação e dá acesso aos dados para transferência. Pedidos de máscaras e cadastros de voluntários para impressão 3D também podem ser feitos pelo formulário. Outras informações sobre doações podem ser obtidas com o professor Diego Ricca, pelo telefone (85) 9 9957.4618.