O ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, atualmente professor titular do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), estará em Fortaleza na próxima segunda-feira (18/11), a convite da ADUFC-Sindicato. O docente falará à comunidade acadêmica no Auditório do Centro de Ciências, no campus do Pici, da UFC, sobre o tema “Ciência e Tecnologia no Brasil: Avanços históricos e ameaças atuais”. A palestra, uma ação do Grupo de Trabalho (GT) Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente da ADUFC, tem início às 15 horas.
“A Ciência teve um início tardio no Brasil. Na década de 1960, o país tinha pouquíssimos cientistas e pesquisadores, não havia regime de tempo integral para docentes nem ambiente de pesquisa nas universidades”, avalia Sérgio Rezende. Ele relembra também não ter havido, até aquele período, engenheiros ou especialistas em setores básicos da indústria: “Nosso parque industrial era incipiente e não existia cultura de inovação nas empresas”. Na palestra do dia 18, serão apresentados os marcos que levaram a uma mudança neste cenário nas últimas décadas e que proporcionaram grande avanço no quadro de Ciência e Tecnologia (C&T) no Brasil.
De acordo com o professor Sérgio Rezende, a ideia do encontro é também mostrar que o retrocesso nos últimos anos, em especial no atual governo de Jair Bolsonaro, representa uma ameaça para fazer com que C&T contribuam para o desenvolvimento econômico brasileiro. O ex-ministro, que ficou na pasta de 2005 a 2010, informa que serão apresentadas sugestões de atitudes e ações para a comunidade acadêmica reagir às ameaças atuais e tentar impedir que haja um retrocesso maior no processo histórico recente.
Grupo de Trabalho funciona na ADUFC
Com a compreensão da importância de se discutir C&T em suas diversas interfaces com a sociedade, um grupo de professores tem organizado o GT Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente da ADUFC. A discussão desta temática se torna ainda mais urgente na atual conjuntura, caracterizada por uma política de descompromisso do governo federal com o setor. “São cortes de bolsa em todos os níveis, suspensão de linhas de financiamento de projetos, suspensão de concursos para professores e desprezo pela vontade majoritária dos membros das universidades públicas e institutos federais passam a ser a agenda ‘normal’ do governo”, alerta o coordenador do GT, Paulo Carvalho.
Carvalho, que também é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFC, enfatiza que, passo a passo, todos os avanços do setor nos últimos anos vêm sendo desfeitos, “numa tentativa de total condenação do país a um quadro de dependência científica e tecnológica”. Diante deste quadro, o GT de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, em consonância com a diretoria da ADUFC, entende que não há espaço para indefinições: é necessário um firme posicionamento na defesa da Ciência e Tecnologia nacionais, não permitindo retrocessos, e que este setor seja a base para a construção de um país justo e democrático. O GT Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente tem reuniões mensais no campus do Pici e está aberto a todos os interessados no tema.