A defesa da educação pública e os ataques às universidades federais foram bandeiras levantadas pelo Bloco da Educação, formado por professoras e professores dessas instituições no Ceará, durante o 25º Grito dos/as Excluídos/as, realizado em todo o Brasil no último sábado (7/9). As manifestações protestaram contra os retrocessos em diversas áreas e contra o governo Bolsonaro. Em Fortaleza, a ação envolveu milhares de pessoas durante a manhã e parte da tarde, numa caminhada entre a Escola Frei Tito de Alencar até Praça Dom Helder Câmara, ambos na Praia do Futuro.
“O nosso grito hoje também é em defesa da educação pública, que pode transformar a vida da classe trabalhadora”, explicou o professor Bruno Rocha, presidente da ADUFC, em sua fala durante o encerramento do ato. A entidade organizou o Bloco da Educação, com ônibus saindo da sede da ADUFC em direção ao Grito, com estudantes e docentes. A Universidade Federal do Ceará, segundo o professor, tem 50% de filhos da classe trabalhadora entre seus estudantes: “Nós temos de ampliar isso, porque é a educação pública de qualidade que pode transformar a vida das pessoas”.
No Grito dos Excluídos, Bruno Rocha também representou, junto com demais integrantes, o Comitê em Defesa da Autonomia Universitária. “Estamos denunciando hoje o que está acontecendo na UFC: a nomeação de um reitor que não foi eleito pela comunidade universitária e que veio para implantar a privatização da universidade pública. Um reitor que é interventor, nomeado por um governo que despreza a educação e os professores”, denunciou Rocha, referindo-se também ao projeto Future-se, do Ministério da Educação (MEC), e que já havia sido rejeitado pelo Conselho Universitário (Consuni) da UFC e da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
O dirigente e demais professores e professoras presentes ao ato enfatizaram, ainda, que o governo federal tem as universidades como suas “maiores inimigas”, exemplificando com o corte sistemático de bolsas e na assistência social dos estudantes . “O que a gente encontra hoje na universidade é um grupo de pessoas que está intervindo na democracia. Temos um interventor, um ministro (da Educação) autoritário e um governo fascista”, disse o presidente da ADUFC.
“Esse Sistema não Vale!”
O Grito dos Excluídos de 2019 chegou à sua 25ª edição com o lema “Esse Sistema não Vale!”. Ao longo do trajeto em Fortaleza, os manifestantes realizaram três paradas, enfatizando os três “Ts” destacados nos discursos do Papa Francisco: Terra, Teto e Trabalho. A ADUFC somou-se às paróquias, comunidades e organizações da sociedade civil da Arquidiocese de Fortaleza e Região Metropolitana, que denunciaram, ainda, a desigualdade social e o extermínio da juventude negra da periferia nas comunidades da Região Metropolitana. Além da educação, também foram destaque a luta por moradia, educação, saúde, segurança pública humanizada e alimento livre de agrotóxicos.
Grito pela Educação antecipou ato
Servidores docentes da UFC, juntos com servidores técnico-administrativos e estudantes da instituição, já haviam antecipado o Grito dos Excluídos, em atividade realizada nos jardins da Reitoria no último dia 28 de agosto. Chamada de Grito pela Educação, a ação integrou a agenda do Comitê em Defesa da Autonomia Universitária, instalado há pouco mais de duas semanas envolvendo a comunidade acadêmica. Na ocasião, religiosos, professores, pesquisadores e estudantes de diversas instituições também participaram da ação pacífica, que segue denunciando os intensos ataques promovidos contra a educação pública.