Relato dos docentes da UFC e da UFCA
No dia 29 de novembro de 2016, mais de 30 mil manifestantes oriundos de diversos estados se reuniram em Brasília com o objetivo de barrar a aprovação da PEC 55 que propõe o congelamento dos investimentos públicos por duas décadas. Nós, professores da UFC e UFCA, conforme deliberação da Assembleia Geral, participamos das atividades de preparação do Ato OCUPA BRASÍLIA. Engajamo-nos nas atividades do Comando Nacional de Greve do Andes-SN, assumimos tarefas nas comissões de mobilização, segurança e saúde do ato. A expressiva caravana de estudantes e professores cearenses juntou-se ao grande conjunto de manifestantes contra a retirada de direitos sociais.
Votada ontem em primeiro turno pelo Senado Federal, a PEC representa a consolidação do golpe de Estado perpetrado em agosto deste ano no Brasil. Em uma clara demonstração de autoritarismo e de indisposição para o diálogo, as galerias do Congresso foram fechadas, impedindo a participação popular. Não bastasse essa medida, a presença dos manifestantes foi impedida também do lado de fora do congresso, na Esplanada dos Ministérios. A força policial atuou e reprimiu os milhares de manifestantes com um truculento aparato militar composto de drones, cavalarias, viaturas, helicópteros com policiais fortemente armados, bombas de gás lacrimogênio, de efeito moral e spray de pimenta. O resultado foi um grande número de pessoas atingidas e feridas, mas solidariamente socorridas pelos próprios colegas. Uma coisa é a ação dos manifestantes apenas com seus corpos, faixas e instrumentos musicais; outra é usar de um forte aparato bélico para ferir e promover o horror.
Não há mais nenhuma dúvida quanto ao estado de exceção instaurado e que tenta nos imobilizar. Trata-se de um governo ilegítimo, golpista e ditatorial que articulado com as casas legislativas, impossibilita o debate público e usa o aparato policial de maneira extremamente truculenta. O eixo monumental de Brasília virou um espaço de massacre de uma manifestação marcada por cantos, danças, batuques e gritos incisivos contra a derrocada dos direitos. É imprescindível que denunciemos essa ação violenta da polícia e a repressão contra as legítimas manifestações por direitos sociais.
A força do ato foi a expressividade da luta e da resistência, em particular, os trabalhadores da Educação e a juventude, constituída, em sua maioria, por estudantes vindos das ocupações, organizados em numerosas caravanas.
Em um país que ainda conta com políticas públicas insuficientes para a área da saúde e da educação, é inaceitável a aprovação da PEC 55, que fere a própria Constituição.
Somos conclamados a resistir a todas estas medidas e devemos, neste momento, nos inspirar na força e na rebeldia dos estudantes que ocupam as escolas, as universidades brasileiras e as ruas.
Um governo não pode derrotar uma Nação!
Delegação de professores da UFC e UFCA
André Vasconcelos Ferreira – Dep. de Teoria Econômica/UFC
Cassia Damiani – Instituto de Educação Física e Esportes/UFC
Claudicélio Rodrigues da Silva – Dep. de Literatura/UFC
Ercília Braga de Olinda – Dep. de Teoria e Prática/FACED/UFC
Ellen Loyola – Dep. de Letras-Libras e Estudos Surdos/UFC
Francisca Geny Lustosa – Dep. de Estudos Especializados/FACED/UFC
Glícia Maria Pontes Bezerra – ICA/UFC
Heloísa Maria Barroso Calazans – Casa de Cultura Portuguesa/UFC
Justino de Sousa Júnior – Dep. de Estudos Especializados – FACED/UFC
Maria do Céu de Lima – Dep. de Geografia/UFC
Maria José Costa dos Santos – Dep. de Teoria e Prática – FACED/UFC
Margarida Maria Pimentel de Souza – Dep. de Letras-Libras e Estudos Surdos/UFC
Marney Eduardo Ferreira Cruz – Dep. Fundamentos da Educação – FACED/UFC
Raimundo Mendes da Silva – Casa de Cultura Britânica – UFC
Roberto Cunha – UFCA
Sérgio Luz – FFOE/DCO/UFC
Sílvia Helena Vieira Cruz – Dep. de Estudos Espacializados, FACED/UFC
Sônia Pereira – Dep. de Estudos Especializados – FACED/UFC
Tânia Maria Batista de Lima – Dep. de Estudos Especializados – FACED/UFC
Intérprete (Libras)
Maria Cristiane Menezes Farias