Cláudia Linhares Sales
linhares.sales@gmail.com
Professora Associada do Departamento de Computação da UFC,
pesquisadora do CNPq, ex-diretora Científica da Funcap,
ex-pró-reitora adjunta de Pesquisa e Pós-graduação da UFC,
atual vice-secretária regional da SBPC (CE)
O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) foi criado em 15 de março de 1985. Unia-se, assim, o Brasil ao grupo dos países que colocavam a ciência, a tecnologia e a inovação (CTI) como política estratégica de Estado para o desenvolvimento do País.
Passados 41 anos e galgado o Brasil à 8ª economia mundial, acreditavam os cientistas brasileiros que, no século XXI, não pairava qualquer dúvida a respeito da importância estratégica da CTI, importância tal que requeria e justificava plenamente uma estrutura ministerial, com orçamento e políticas próprias.
Descobrimos, estarrecidos, neste último 12 de maio, que não. O governo interino do vice-presidente Michel Temer resolveu, do nada, extinguir o MCTI, anexando-o ao Ministério das Comunicações.
O governo da presidente Dilma Rousseff já vinha impondo perigosas restrições orçamentárias ao MCTI. Tendo alcançado, em 2013, a posição de 6ª economia mundial e de 13º país com maior produção científica, o Brasil ocupava a 48ª posição entre os países com o maior índice de inovação tecnológica. O desafio de melhorar esses índices era um dos maiores para o MCTI e de importância capital para o País.
À redução dramática dos recursos do MCTI – o orçamento previsto para 2016 era de R$ 3,5 bilhões contra os R$ 6,2 bilhões de 2010 – ajunta-se agora o desmonte do próprio ministério. Com justificativa pífia, na contramão dos países desenvolvidos, o interino mostra atrasada visão sobre a importância estratégica do setor para o País e promove, pela desorganização do sistema, a desarticulação das políticas de CTI.
A comunidade científica brasileira não pode se calar perante essa irresponsabilidade. Urge a volta do MCTI e a recomposição plena do seu orçamento, para fazer face aos reais desafios da ciência brasileira. Talvez não seja suficiente perguntar que horas o MCTI volta. É preciso deixar nossos laboratórios e ir às ruas lutar por ele.
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