“Conjuntura Nacional e Movimento Docente” foi o tema do debate promovido pelo Sindicato dos Professores das Instituições Federais do Ensino Superior da Bahia (APUB-Sindicato) nos dias 3 e 4 de março, no auditório do PAF I da UFBA, em Salvador (BA).
A mesa foi composta pelos professores Leonardo Monteiro, presidente da ADUFC Sindicato; Tatiana Roque, presidente da ADUFRJ- SN, seção sindical do Andes-SN; e Lúcio Vieira, vice-presidente da ADUFRGS Sindical, filiado ao Proifes-Federação. A mediação ficou por conta da vice-presidente da APUB, Profª. Lívia Angeli.
O objetivo do encontro foi refletir sobre o lugar do movimento docente, sua importância e estratégias de ação diante do cenário de crise política e econômica.
Em sua fala, o Presidente Leonardo Monteiro focou na dificuldade enfrentada pela ADUFC-Sindicato por não possuir uma filiação nacional. “A ADUFC-Sindicato é uma entidade com registro sindical, conquistado por meio de muita luta e mobilização, e que proporcionou a ela autonomia institucional. Porém, a ausência de participação nas mesas de negociação e nas pautas nacionais é problemática, pois deixamos de ter a possibilidade de sermos protagonistas do processo e passamos a ser coadjuvantes. Vivemos um momento de definição no qual é preciso chegar a um consenso da base sobre o rumo que o Sindicato irá tomar”, explicou.
Tatiana Roque, presidente da ADUFRJ-SSind, demonstrou preocupação com a conjuntura, especialmente com a crise “de toda a esquerda no país”. Para ela, a solução passaria pela reconstrução dos movimentos sociais. Sobre o movimento docente, apontou sua função de defender a universidade, considerando os avanços dos últimos 12 anos, mas cobrando pelas melhorias necessárias, sempre em sintonia com a sociedade. “O diálogo com a sociedade é primordial, o modo como temos encaminhado nossas lutas tem falhado. Eles afastam a sociedade”. Por fim, recomendou pensar em três eixos para reconstruir o movimento: quebrar o automatismo da greve como única forma de luta; mudança nas práticas, a exemplo do modelo de Assembleia; manutenção de fóruns de discussão e instrumentos para criação de consenso.
Lúcio Vieira, que é um dos fundadores do Proifes-Federação, defendeu o modelo de sindicatos locais, organizados nacionalmente em uma federação. “Em 2008 nos transformamos [ADUFRGS] em sindicato. Achamos que assim seríamos mais fortes(…). Trazer o poder para o local onde os professores estão foi determinante”, esclareceu. Ele também criticou duramente o aparelhamento de organizações sindicais por partidos políticos. “Não se trata de negar o partido político, mas entender que o sindicato não é seu porta voz”, disse. Assim como Tatiana, ele questionou a greve como única forma de luta e mobilização, embora não se mostrasse contrário à sua utilização “quando a negociação não flui”. Porém, alertou que era preciso travar um debate aprofundado sobre o papel da greve no setor público. “Afinal de contas, quando a gente faz greve no setor público a gente está fazendo o confronto capital e trabalho?”, indagou.
Segundo a Vice-presidente da APUB-Sindicato, Profª. Livia Angeli, o debate proporcionou uma troca de experiências entre representações sindicais que têm formas de organização e articulação diferentes, e promoveu uma rica discussão sobre estratégias diante da atual conjuntura política e econômica nacional. “Neste momento, há a necessidade de refletir sobre como o ano de 2016 se apresenta e de pensar de que forma o movimento docente pode se organizar”, afirmou.
O debate contou com grande participação do público docente. Após a exposição dos palestrantes, foi aberto espaço para questionamentos. Os principais temas abordados foram a prática da greve; organização e papel do sindicato na atual conjuntura; e uso de meios eletrônicos como forma de incentivar a participação da base nas discussões.