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Nossa humanidade por um triz (*)

Resgate de criança na terra Yanomami (Foto: Antonio Alvarado)

Tenho estado completamente em choque com a revelação do tamanho da tragédia dos Yanomami. A cabeça fervilha de perguntas sobre quem são os responsáveis. O coração tremula, todo o tempo, com o sofrimento estampado nos corpos esquálidos, enfermos, moribundos e já contabilizadas mais de 570 mortes de crianças; na ausência de sorrisos nos tantos rostos cobertos de medo e de quase ausência desse nosso mundo dito civilizado.

Tenho estado em quase total mutismo, por não encontrar palavras que expressem o que vai por dentro de mim; por consciente de ser parte – queira ou não – da raça humana e do povo brasileiro –, e que o abandono, a omissão e mesmo as ações deliberadas foram perpetradas por agentes públicos do Governo Nacional, que deixaram de compor a administração federal há tão pouco tempo.

Tenho estado nauseada e abismada com o tamanho das maldades que orientaram as ações de caráter genocida, que se voltaram tão ferozmente contra o Povo Yanomami, em termos de permissão explícita, cúmplice ou omissa, do uso deliberado de substâncias letais, para satisfazer a ganância ilimitada dos que impetram garimpos ilegais; pela quase total ausência de ações de saúde pública, para as quais já havia suporte legal; pela negação deliberada de alimentação mínima, até mesmo para a (sobre)vivência, muito aquém do bem viver.

Tenho estado envergonhada, cabisbaixa, entristecida. Mesmo que veja uma fagulha de luz e de confiança em nós mesmos, seres humanos, ao constatar a mobilização humana, técnica e política do atual Governo Federal.

Tenho estado tudo isso. Me sinto mesmo assim. Penso mesmo assim. Quero agir. Vou tentar, mesmo que difícil diante de tamanha desumanidade. Vou tentar mesmo assim.     

(*) Texto de Ângela Pinheiro, professora da UFC, integrante do Núcleo Cearense de Estudos e Pesquisas sobre a Criança (NUCEPEC/UFC) e da Articulação em Apoio à Orfandade de Crianças e Adolescentes por Covid-19 (AOCA). Contatos: a3pinheiro@gmail.com (e-mail) e @a3pinheironucepec (Instagram)

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