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EDUCAÇÃO PELA DEMOCRACIA – Situação crítica: impactos dos cortes na ciência e na tecnologia são discutidos por pesquisadores e gestores

(Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-Sindicato)

O Auditório Izaíra Silvino, na sede da ADUFC em Fortaleza, foi cenário, na manhã da última quarta-feira (24/8), para mais um importante debate da “Semana da Educação pela Democracia: em defesa da universidade e da carreira docente”. Desta vez, a ADUFC convidou três pesquisadores/gestores para discutir os “Impactos dos cortes na Ciência e na Tecnologia”. Participam da discussão: Luiz Drude, diretor científico da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap); Prof. Luiz Gonzaga Lopes, do Deptº de Química Orgânica e Inorgânica/UFC e integrante da Sociedade Brasileira de Química; e Claudener Teixeira, representante da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFCA. 

De acordo com dados do Observatório do Conhecimento, o orçamento público federal direcionado a pesquisas científicas caiu 60% entre os anos de 2014 e 2022. Pesquisadores apontam e denunciam, desde o início do governo Bolsonaro, o cenário de desmonte aprofundado nessa gestão, que atrela os constantes cortes à “necessidade de ajustes fiscais”. Especialistas também alertam para os bloqueios bilionários nos orçamentos do MCTI e MEC, que podem causar danos irreversíveis à educação e ao desenvolvimento do País.

Bruno Rocha rememorou que essa é uma pauta constante na ADUFC. “Na agenda de lutas que a ADUFC tem feito ao longo desses últimos anos, a gente tem se dedicado bastante às causas da ciência e da tecnologia, como recomposição do orçamento da Capes, do CNPq; e à preservação da Finep e do FNDCT”, destacou o Prof. Bruno Rocha, presidente da ADUFC, ao início do debate, que foi mediado pela Profª. Gisele Lopes, também integrante da diretoria da entidade. A atividade foi transmitida também pelos canais da ADUFC e com exibição on-line no Auditório da ADUFC-Cariri, em Juazeiro do Norte. 

R$ 100 bilhões deixaram de ser investidos entre 2016 e 2022

Claudener Teixeira trouxe ao debate um panorama sobre a realidade do impacto desses cortes no interior do estado. “Vamos ter de correr para poder mitigar os impactos que já estão acontecendo no ensino do Brasil”, disse o gestor. Ele lembrou que, apenas entre os anos de 2016 e 2022 (ainda não encerrado), o corte nos investimentos em ciência e tecnologia no país já alcançaram a “gigantesca” marca de 60%. “São 100 bilhões de reais que deixaram de ser investidos nesse período”, pontuou. Cleudener enfatizou que é um impacto que está sendo e vai ser sentido não apenas na academia: “e isso tem de ficar muito claro. Há um impacto direto na academia, mas também na sociedade. Porque a ciência é o que traz o conforto da sociedade”.

O Prof. Luiz Gonzaga Lopes reforçou dados comparativos de investimento em ciência e tecnologia em países desenvolvidos. “Não é verdade o que se propaga que em países desenvolvidos o investimento em ciência e tecnologia vêm apenas da iniciativa privada. O investimento também é público”, afirmou, trazendo dados de países e regiões como Estados Unidos, Japão, Suécia, União Europeia e Coreia do Sul/Israel – “investimentos muito superiores ao que a gente tem aqui no Brasil”. Gonzaga também destacou que  quanto maior o investimento em pesquisa e desenvolvimento, maior é a renda per capita do país. Os dados apresentados na apresentação do docente podem ser acessados AQUI.

Luiz Drude também trouxe dados relevantes para entender os impactos dos cortes nas áreas. “Mas se eu for fazer uma apresentação formal vira um filme de terror. Porque há anos não vemos uma situação tão crítica assim”, apontou o gestor. Drude focou suas informações nos impactos dos cortes em ciência e tecnologia no Ceará. Os dados apresentados na apresentação de Luiz Drude também podem ser acessados na página da ADUFC.

Helena Nader no Ceará: primeira mulher na Presidência da ABC

O debate sobre os impactos dos cortes na ciência e na tecnologia também foi oportunidade para comunicar a vinda ao Ceará, a convite da ADUFC-Sindicato, da Profª. Helena Nader no dia 12 de setembro. Biomédica e pesquisadora, ela assumiu a presidência da centenária Academia Brasileira de Ciências (ABC) em maio último, tendo sido a primeira mulher a ocupar o cargo. Ela também é professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês).

Desde o início da carreira, Helena Nader destacou-se pelo posicionamento ativo em defesa da ciência, tecnologia, inovação e educação brasileira. Promover a igualdade de gênero e pluralidade na ciência também são pautas prioritárias para a docente. “Vai ser extremamente interessante trazer a Profª Helena Nader para discutir conosco essa pauta”, afirmou Bruno Rocha, antecipando uma das discussões a serem tratadas na conferência com a convidada – justamente os impactos dos cortes na ciência e na tecnologia.

O local e o horário ainda devem ser definidos, já que, no atual cenário de intervenção bolsonarista na UFC, como relembrou o Prof. Bruno Rocha, os espaços da universidade podem ser novamente negados, a exemplo do que ocorreu durante a semana de paralisações. Segundo informou à plateia que acompanhou o debate nesta quarta-feira (24/8), a ideia é que a conferência com Helena Nader ocorra no auditório do Centro de Ciências da UFC, em Fortaleza. “Mas se esse espaço for novamente negado, esse aqui (sede da ADUFC) vai sempre estar aberto”, reforçou o docente.

Em sua fala no debate, o Prof. Luiz Gonzaga Lopes referiu-se à proibição da realização deste debate no Auditório do Centro de Ciências da UFC (local original do evento e que foi negado pelo interventor da instituição) como algo que o remeteu a lembranças do regime ditatorial no Brasil. “A gente está no momento falando de educação em defesa da democracia. Isso me relembrou 1977, quando a reunião da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) iria ocorrer também aqui em Fortaleza e foi proibida pelo regime militar”, comparou. Gonzaga lembrou que o evento, à época, foi proibido de ser realizado em qualquer instituição pública e que, mesmo assim, ocorreu na PUC-SP, quando o reitor era o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns.

(*) Assista à íntegra do debate no canal da ADUFC no YouTube

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