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MEMÓRIAS DE QUARENTENA 06: GRATIDÃO E REVERÊNCIA

Ângela Pinheiro (Professora da UFC)
Alba Carvalho (Professora da UFC)

A pandemia do coronavírus nos fez conviver com a doença e a morte… A sociedade do consumo e do prazer, acima de tudo, está sendo obrigada a confrontar-se com tragédias diárias de dois milhões de pessoas já infectadas, em mais de 190 países, com número assustador de mortos! Cadáveres levados de muitas formas e, muitas vezes, desumanas, hospitais lotados, falta de leitos na UTI, inventários das tragédias em cada país, no Brasil, em cada Estado, metrópole e em municípios de diferentes portes, são episódios cada vez mais comuns, que invadem nossas casas, de onde não devemos e não podemos sair. A ameaça está em todos os espaços e a convivência parece tornar-se um perigo!

Estamos aturdidos com um cenário muito estanho, nunca visto, impensável. Ainda não existe vacina ou remédio específico para o chamado novo coronavírus que, de forma invisível, propaga-se loucamente, dizimando vidas, colocando em colapso sistemas de saúde, hoje fragilizados e sucateados pelas políticas neoliberais de mercado. A única alternativa, experimentada pelos diferentes países do mundo, é o Isolamento Social… FICAR EM CASA… é um grito coletivo, hoje, um clamor a eclodir nos distintos cantos da Terra. Em diferentes línguas, proclama-se o “ficar em casa”… E casa assumiu novos sentidos, significados: abrigo, trincheira para enfrentar o poderoso inimigo, que não se vê a olho nu, mas se sente no corpo e na alma!

Em meio às exigências do parar o cotidiano para proteger-se e proteger os outros, próximos ou distantes, a vida impõe necessidades fundamentais que precisam ser atendidas. E, assim, determinados grupos de profissionais precisam “sair de casa” para que possamos “ficar em casa”, em nossos abrigos. Inúmeros profissionais, em nome da coletividade, estão em diferentes trincheiras de luta, nesta guerra contra o inimigo que nos ameaça constantemente e nos mata. São profissionais a quem dirigimos nosso reconhecimento e nossa gratidão: profissionais de saúde (médicos(as), enfermeiros(as), auxiliares de enfermagem, pessoal encarregado da acolhida e recepcionistas nos Postos e Hospitais; equipes da Estratégia Saúde da Família – ESF, que inclui, entre outros, os Agentes Comunitários de Saúde – ACS’s; Farmacêuticos(as), Bioquímicos(as) e auxiliares de farmácia, envolvidos nas testagens que esclarecem a presença ou não de coronavirus); lixeiros e garis; costureiras (amadoras e profissionais) que têm disponibilizado seu tempo (e habilidade) para confeccionar máscaras; engenheiros(as), pedreiros e muitos outros, atuantes no trabalho, que não pode parar, de construir “hospitais de campanha” em tempo recorde; funcionários de supermercados, mercadinhos, padarias; servidores de farmácias; encarregados da aplicação da vacina contra a Influenza em escolas, Postos e estacionamentos e shoppings; entregadores, mototaxistas; motoristas e trocadores de transportes coletivos; caminhoneiros, a transportarem alimentos e insumos para hospitais e Unidades de Saúde.

E a listagem dos que estão empenhados em nos proteger, cresce, ampliando nossa gratidão: profissionais da imprensa que se orientam por informar, criteriosamente, seus leitores, ouvintes e telespectadores; profissionais que vêm dando suporte às tantas formas de comunicação virtual – como tem sido precioso contar com novas tecnologias – zap, instagram, facebook, chamadas de voz e de vídeo! – e os que têm dado suporte à concretização de Lives; Painéis; e, ainda, aqueles e aquelas que se dedicam ao importante trabalho de distinguir notícias verdadeiras das falsas, protegendo-nos dos males das fake news.

E, também, estão no enfrentamento contra o coronavírus cientistas e pesquisadores, sintonizados com a contribuição para o “buen vivir”, para o enfrentamento da pandemia.

Neste vale de lágrimas do Covid-19, a avançar e expandir-se, deixando rastros de miséria, fome, ausência total de renda, desabrigo para injustiçados desta civilização do capital, pessoas e grupos solidários entram em cena, merecendo destaque os que têm tomado a frente de doações e apoio a inúmeros segmentos populacionais mais vulnerabilizados (situação de rua, encarcerados, idosos, adolescentes em privação de liberdade; moradores de periferias, pequenas comunidades rurais…).

Neste momento difícil e nebuloso de pandemia, do emaranhado de discursos e informações que se aliam à morte, ouvem-se vozes proféticas que afirmam a vida, a denunciar e a clamar por justiça, no sentido de proteção da população e, de modo particular, dos que habitam as margens da vida social. Neste coletivo, merecem nossa reverência: especialistas de saúde, autoridades, entidades da sociedade civil, analistas da vida social, estudiosos e militantes da saúde pública. É valioso o trabalho dos que têm produzido e participado de lives, vídeos e áudios, desvendando esses tempos de ameaça e alertando para os sentidos e significados desta pandemia. Cabe ainda destacar a coragem e altivez de coletivos, partidos e entidades em sensibilizar suas bases e a população em geral, na busca incessante da preservação da saúde e dos interesses da coletividade.
Reverência e gratidão: sentir e aqui expressá-las e partilhá-las, é nosso testemunho de que, estando em nós e entre nós, contribuem para imprimir cores, sons e afetos ao cotidiano também de desconhecimentos, incertezas e tensões, em tempos de pandemia.

Seção sindical dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará

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